1,3 milhão de pessoas se unem em campanha pelo fim das queimadas

Mobilização pede que uma Comissão Parlamentar de Inquérito seja criada para investigar aumento dos incêndios na Amazônia

Incêndios crescem na Floresta Amazônica e geram movimento contra queimadas
Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
Incêndios crescem na Floresta Amazônica e geram movimento contra queimadas

Já são 72.843 focos de incêndios florestais registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde janeiro. A quantidade, que é 83% maior que a verificada no mesmo período do ano passado, está deixando não só o Brasil, mas o mundo todo em alerta.

A partir de um tuíte viralizado nas redes sociais, o advogado Gabriel Santos de Souza, de 25 anos, decidiu transformar a indignação com o desmonte das políticas ambientais numa grande campanha para pôr fim ao aumento das queimadas na maior floresta tropical do mundo.

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Morador de Rio Branco, no Acre, região considerada o “coração da Amazônia”, Gabriel lançou um abaixo-assinado na plataforma Change.org pedindo que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) seja instalada para investigar a fundo o que está levando ao aumento dos incêndios e responsabilizar os culpados. Em apenas dois dias, a campanha explodiu em alcance, atingindo 1,3 milhão de assinaturas até o meio da tarde desta quinta-feira, 22.

“Eu fiz esse abaixo-assinado após um tuíte meu ter viralizado nas redes sociais sobre as queimadas no Acre. Muita gente me mandou mensagem perguntando como ajudar, daí surgiu a ideia de um abaixo-assinado propondo uma CPI das Queimadas no Congresso Nacional”, explica o jovem advogado. “É um número incrível. Isso representa a preocupação das pessoas com a Amazônia e com a qualidade de vida na região. Precisamos de atitudes práticas do poder público”, comenta Gabriel sobre a importância da mobilização.

O debate em torno da preservação do “pulmão do mundo”, como a Amazônia é chamada, vem se intensificando há meses, em decorrência de feitos e desfeitos do governo federal na área ambiental. Propostas de alterações no Fundo da Amazônia (o maior projeto de preservação da floresta), a negação de dados que revelam o aumento do desmatamento, a exoneração do presidente do Inpe, a perda de recursos da Alemanha e Noruega para o meio ambiente e a recente acusação a ONGs ambientalistas para justificar o crescimento das queimadas compõem a série de polêmicas que levaram à gigante mobilização popular.

“O Brasil sofre um desmonte das políticas ambientais há alguns anos. Não é de hoje que o desmatamento e o número de queimadas cresce, mas é a primeira vez que temos um presidente e um ministro do meio ambiente que declararam guerra aberta contra a Amazônia e o desenvolvimento sustentável. O recado que se passa pro mundo é claro: o Brasil não se importa com o meio ambiente”, indigna-se o autor do abaixo-assinado online.

A repercussão da crise ambiental na Amazônia está indo além das “fronteiras” da floresta. Um exemplo disso é que a campanha criada pelo advogado foi traduzida para o inglês, francês, alemão e espanhol, chegando a coletar parte das assinaturas em países como Colômbia, Peru e Espanha. Confira a petição.

“É o que eu tenho dito, ser contra o desmonte das políticas ambientais não é uma questão ideológica. É questão de bom senso. Como a gente pode ser a favor de medidas que vão prejudicar a qualidade do nosso ar, da nossa água e comida? Isso é insanidade”, desabafa Gabriel, que nasceu na periferia de Rio Branco e lamenta ver idosos e crianças lotarem as unidades de saúde em sua cidade por conta de problemas respiratórios. “Triste também por saber que a nossa floresta está morrendo e estamos de braços cruzados”, acrescenta.

O dia virou noite

O abaixo-assinado do advogado destaca o efeito que a mistura de nuvens carregadas da frente fria com as partículas de fumaça dos incêndios florestais provocou em São Paulo, na última segunda-feira, 19, fazendo o céu escurecer e o dia parecer noite às 15 horas.

“Isso nos fez entender uma coisa: não importa se somos nortistas ou sulistas. Se você é uma criança ribeirinha às margens do rio Acre ou um executivo na Faria Lima. O desmonte das políticas ambientais afetará todos nós”, ressalta trecho da petição criada por Gabriel.

Em meio a toda polêmica e acusação sem provas do presidente Jair Bolsonaro para justificar o aumento das queimadas, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, anunciou no começo desta tarde, pelo Twitter, que irá criar uma comissão externa para acompanhar a questão e outra geral para “avaliar a situação e propor soluções ao governo”

Movimento mundial pela Amazônia

A petição de Gabriel faz parte de um movimento mundial que reúne diversos abaixo-assinados nacionais e internacionais na plataforma Change.org em defesa da Amazônia. O “Ajude a Amazônia – #SaveAmazonRainforest” soma mais de 7,6 milhões de apoiadores. Saiba mais sobre o movimento aqui.

Apesar de enxergar a atual política ambiental com pessimismo, o advogado, que integra três movimentos suprapartidários de renovação política — o Acredito, o RenovaBR e o RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) — acredita numa breve mudança.

“Existe uma força motriz de insatisfação movendo essa geração. Disseram que a geração anterior foi uma geração perdida, mas hoje, aos 25 anos, vejo que não é bem assim. O atraso, a estupidez, a anti-ciência e o apego às ideias retrógradas estão dando o último suspiro”, aposta.

Em parceria com Change.org (Oficial)

O maior portal de petições online do Brasil. São 329 milhões de pessoas fazendo a diferença em 196 países e 26 milhões só no Brasil.

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