500 Dias com Ela – uma reencenação

Por: Redação

Bem que ela avisou. Assim que saímos da sessão de 500 Dias com Ela, na Mostra passada, fez apenas uma observação sobre a minha falta de empolgação com o filme:

– Espera eu te abandonar um dia, igual a menina fez. Daí será o filme da sua vida.

Pois dito e feito. Quase 365 dias depois, o personagem Tom Hansem passou a ser uma encarnação do meu cotidiano atual. Ou vice-versa. Tenho até um pouco de medo de encarar o DVD novamente, pode me soar familiar demais. A reencenação daquilo tudo na minha vida real já dói o suficiente.

O teto do meu quarto virou uma tela de cinema, onde as cenas do meu romance fracassado revezam exibições com clipes de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, Closer, Antes do Pôr-do-Sol…

Mas o que não para de rodar é mesmo o tal do 500 Dias com Ela. Eu já nem sei mais dizer onde eu termino e o  Tom entra em cena. Especialmente no trecho em que seus amigos (ou seriam os MEUS amigos?) dizem:

– Você tem de superá-la.

E eu (ou Tom?) responde:

– Eu não quero superá-la. Eu quero ganhar ela de volta.

Como eu pude ser tão insensível a ponto de não me comover com uma fala dessas no cinema? Acho que tudo isso deve ter sido alguma espécie de maldição dos deuses da sétima arte.

Lembro do final do filme, quando Tom encontra uma nova garota, e nós da plateia pensamos “oh-oh, vai começar tudo de novo…”. Os mais otimistas acham que nessa próxima aventura finalmente o herói encontrará sua musa definitiva. Mas pensar em outra é algo muito distante para quem ainda está na fase do “quero ganhar ela de volta”.

Seja como for, a Mostra está aí novamente, para mostrar que a vida segue seu caminho, para o futuro e de forma cíclica. Quem sabe numa dessas voltas o destino não a jogue no meu colo novamente?

Até lá, o cinema particular do teto do meu quarto só passa filme repetido.

Por Redação