A Guarapiranga segura à onda na crise da água em SP

por Cláudia Visoni – Aliança da Água

Nos dois últimos verões choveu pouco e o nível dos reservatórios nos maiores sistemas que abastecem São Paulo (Cantareira e Alto Tietê) está crítico. Até a próxima temporada de chuvas será necessário retirar o máximo possível de água da Guarapiranga, que se tornou a principal caixa d’água da cidade e atualmente está fornecendo 15 mil litros por segundo.

10° edição do Abraço a Guarapiranga

A represa é centenária. Foi construída entre 1906 e 1909 para ajudar a regularizar a vazão do Rio Tietê e gerar energia elétrica na Usina de Santana do Parnaíba. Em 1928 passou a ser utilizada para abastecer os paulistanos. Seus três principais formadores são o Rio Embu Mirim (que passa pelos municípios de Itapecerica e Embu e tem suas várzeas cortadas pelo Rodoanel); o Rio Embu-Guaçu, que atravessa o município de mesmo nome, e o Rio parelheiros, localizado no sul de São Paulo. Quase 60% da área da bacia hidrográfica da Guarapiranga está desmatada.

De acordo com os dados mais recentes (de 2010), na região residem quase 900 mil pessoas. E segundo o relatório de situação dos recursos hídricos da Bacia do Alto Tietê (produzido em 2011) só metade conta com coleta de esgoto e mesmo assim o esgoto coletado não é tratado. Ou seja, vai parar nos rios e córregos que alimentam a represa. Por isso é que as praias da Guarapiranga apresentam qualidade imprópria para banho na grande maioria das amostragens. E o pior é que essa é a água que vai parar nas nossas torneiras.

Infelizmente, os governos estadual e municipal não têm priorizado as ações de recuperação de mananciais. A demanda por moradia é legítima, assim como a proteção das fontes de água, sobretudo agora que vivemos um período de escassez hídrica. Soluções precisam ser encontradas e para isso é necessário um pacto entre governos, prefeitura, setores econômicos, movimentos de moradia e sociedade em geral pela recuperação e proteção das fontes de água. Precisamos rever o modelo de saneamento, inovar e criar sistemas locais de tratamento de esgotos, aliados à recuperação vegetal das várzeas, que ajuda muito a reduzir a poluição.

Saiba mais sobre a crise hídrica e participe.