A merda que vai continuar no seu bolso se Bolsonaro for reeleito
A realidade imposta aos brasileiros não sustenta o discurso de recuperação econômica divulgado pelo presidente
Precisamos falar sobre a merda que vai continuar no bolso dos brasileiros se o presidente Jair Bolsonaro (PL) for reeleito presidente no próximo dia 30 de outubro, quando nós, brasileiros, voltarmos às urnas para o segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
O presidente não foi disputar a reeleição fazendo qualquer tipo de autocrítica ao seu governo, nem mesmo apresentando novas propostas pra melhorar a economia do país. Muito pelo contrário. Bolsonaro entrou nesta campanha defendendo a política econômica do seu governo, mesmo o país estando num buraco muito mais fundo do que estávamos quando ele assumiu a presidência da República.
E é justamente por ele defender e prometer intensificar sua forma de governar, se nós lhe dermos um segundo mandato, que se torna urgente tirar Bolsonaro do Palácio do Planalto.
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A verdade que o presidente nega é que seu governo foi desastroso também no campo da economia.
Alta nos preços dos alimentos
Um dos efeitos mais catastróficos do país comandado pelo bolsonarismo é a disparada do preço dos alimentos da cesta básica, que contribuiu para que o Brasil voltasse ao Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas.
Do início do governo Bolsonaro em 2019 até maio de 2022, alimentos da cesta básica sofreram alta no preço de até 183%, como é o caso do óleo de soja, passando a custar mais que o dobro do preço pré-Bolsonaro.
Dos 10 alimentos que mais sofreram aumento, oito estão na lista dos 13 alimentos essenciais que fazem parte do consumido mensal do brasileiro – composta por arroz, feijão, farinha, batata inglesa, tomate, açúcar cristal, banana prata, contrafilé, leite longa vida, pão francês, óleo de soja, margarina e café em pó.
De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, de janeiro de 2019, até maio de 2022, além do óleo de soja, o feijão carioca ficou 113,95% mais caro, a batata-inglesa aumentou 103,74%, a cebola ficou 96,12% mais cara, o café moído aumentou 71,79%, o leite longa vida ficou 65,92% mais caro, o ovo aumentou 63,62%, o feijão preto ficou 57,26% mais caro, o arroz aumentou 51,84%, o macarrão ficou 32,75% mais caro e o pão francês aumentou 26,64%.
Com o governo Bolsonaro, quem recebe um salário mínimo passou a gastar, em 2022, até 69,31% do rendimento pra comprar uma única cesta básica, em São Paulo, de acordo com dados levantados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Os preços subiram porque Bolsonaro adotou uma polícia econômica que desvalorizou o real, promoveu o aumento da inflação e esse desastroso governo em meio à crise causada pela pandemia da Covid-19 não ajudou em nada. Vale lembrar que, no Brasil, a pandemia foi estendida também devido à péssima gestão do governo, que chegou a deixar o país vários meses sem ministro da Saúde em plena crise sanitária mundial, demorou meses para comprar vacina por decisão política de simplesmente ignorar negociações com os laboratórios fabricantes de imunizantes, como o caso do Instituto Butantan e da Pfizer.
Nos últimos anos, o governo ainda esvaziou os estoques públicos de alimentos, acabando com a reserva de itens como o arroz e o feijão dos armazéns públicos, que eram usados para garantir o fornecimento de alimentos essenciais aos brasileiros nos períodos de desabastecimento ou inflação alta, com preços justos.
Vale destacar que enquanto milhares de famílias sofrem com a restrição de acesso a comida, em vez de Bolsonaro criar políticas de segurança alimentar, ele optou em anunciar redução de impostos para jet ski e para ‘Whey Protein’.
Brasil de volta ao mapa da fome
Agora, disputando a reeleição, Bolsonaro contrariou a realidade vista por qualquer pessoa que caminha pelas ruas do Brasil e afirmou que não há ninguém nas portas de estabelecimentos comerciais pedindo comida. “O que a gente pode dizer, se for a qualquer padaria, não tem ninguém pedindo para comprar pão. Não existe. Eu falando isso estou perdendo votos, mas a realidade não pode deixar de dizer”, afirmou o presidente demonstrando sua total falta de sensibilidade e empatia por milhares de pessoas que estão passando fome no nosso país.
O resultado do descaso de Bolsonaro foi o Brasil ter chegado em 2022 com 33,1 milhões de pessoas passando fome; mais da metade da população brasileira (55,2%) em insegurança alimentar em algum nível; 125 milhões de brasileiros não têm comida garantida todo dia; e de 10 famílias apenas 4 possuem acesso total à alimentação, de acordo com 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). Esse é um patamar semelhante ao que havia sido registrado há três décadas.
Além do relatório da Rede Penssan, um relatório das Nações Unidas de julho, concluiu que, no Brasil, 61,3 milhões (cerca de 3 em cada 10 habitantes) convivem com algum tipo de insegurança alimentar, sendo que 15,4 milhões se encontravam em insegurança, passando fome, no período de 2019 e 2021.
Pelos países com dados comparáveis relacionados pela ONU, o Brasil é o que tem mais pessoas em algum grau de insegurança alimentar (moderada ou grave) nas Américas e o quinto no mundo, no período.
Além da alta no preço dos alimentos, sob a política econômica de Bolsonaro também temos que lidar com o aumento do preço dos combustíveis.
Aumento dos combustíveis
Às vezes, você pode pensar que por não ter carro, o preço dos combustíveis não afeta sua vida diretamente. Mas isso não é verdade. O aumento incide diretamente no preço do frete, por exemplo, o que acaba fazendo o preço de absolutamente tudo que é comercializado no país e depende de transporte pra chegar às prateleiras aumente de preço, também. Além de influenciar o preço das passagens de transporte público, preço do gás de cozinha e etc.
O mega aumento da gasolina e dos combustíveis impacta diretamente o orçamento das famílias brasileiras. A política que Bolsonaro quer manter no setor, que é exportar petróleo cru e importar produtos de maior valor agregado, é um tiro no pé da economia. Na prática, vendemos barato e compramos caro, fazendo com que a conta nunca feche a nosso favor.
No governo Bolsonaro, o preço da gasolina registrou um aumento superior a 50%.
Bolsonaro ainda mentiu aos brasileiros quando disse que era o ICMS – imposto dos Estados usado para financiar Educação e a Saúde – o culpado pelo aumento do preço dos combustíveis.
Frisamos aqui que o ICMS não é o responsável pela elevação do preço dos combustíveis. Enquanto o imposto representa 11,8% no valor do diesel, os custos de produção e lucros da Petrobras (realização da Petrobras), por exemplo, somam 63,6%. Em relação ao GLP ou gás de cozinha, o ICMS é 13% do valor total e a realização é de 48,6%. Já no valor da gasolina, o imposto é responsável por 24%, frente a 38,6% dos custos de produção e dos lucros.
O presidente batalhou pela aprovação de uma lei que limita a 17% o valor retido de ICMS no preço dos combustíveis e mesmo assim o preço do litro da gasolina pulou de R$ 4,378, em janeiro de 2019, para R$ 6,809, em julho de 2022. Os R$ 2,539 que foram acrescidos ao preço significam uma elevação de mais de 50%.
Em junho, antes de ser aprovada a lei, o preço do litro da gasolina estava em R$ 7,39 na média nacional, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Os preços vêm subindo desde que Bolsonaro foi eleito porque o governo aplica uma política que vincula os combustíveis no Brasil a seu preço internacional. Ou seja, por decisão política, o valor que pagamos na gasolina no Brasil é calculado com base no dólar, que está nas alturas. Se a moeda estrangeira sobe, o combustível também aumenta, o que favorece apenas as empresas, em sua maioria privadas, e prejudica a população.
Poder de compra dos salários
O poder de compra dos salários de todos nós brasileiros é fortemente impactado por essa polícia que Bolsonaro quer nos empurrar goela baixo por mais 4 anos.
A verdade que o presidente nega é que, no seu governo, cerca de 90% das profissões brasileiras registraram uma queda no poder de compra entre março de 2021 e o mesmo mês deste ano, de acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), feito a pedido da CNN.
O estudo analisou as 140 profissões mais representativas do país, que englobam 72% da população no mercado de trabalho. Os profissionais que foram mais afetados conforme o levantamento foram os faxineiros, com perda de 16% no poder de compra, e motoristas de ônibus, com perda de 3,9%.
Nos últimos cinco anos, a inflação oficial do Brasil cresceu de forma cada vez mais intensa. Em 2018, o IPCA registrado no país foi de 3,75% – taxa que saltou para 10,06% em 2021. Já nos 12 meses até março deste ano, chegou a 11,30%
Com tanta inflação, de março de 2017 a março de 2022, o real perdeu 31,32% de seu valor e poder de compra. Em outras palavras, o nosso salário compra hoje dois terços do que comprava em 2017. Quem quer continuar assim?
Descaso com os brasileiros em meio à pandemia
Bolsonaro ainda cometeu mais um estelionato eleitoral nesta campanha. Agora, ele tenta se lançar como um benfeitor dizendo que criou o auxílio emergencial e o auxílio Brasil.
É MUITO IMPORTANTE sabermos que o auxílio emergencial foi fruto de muita pressão política e social. Na verdade, Bolsonaro só apresentou uma proposta de benefício após uma enxurrada de críticas à sua omissão diante da pandemia. E, mesmo assim, ele propôs o pagamento de apenas R$ 200, limitado a trabalhadores informais, durante somente 3 meses.
Foi com muita disputa política no Congresso Nacional e com oposição do governo que acabou sendo aprovado o auxílio de R$ 600. Bolsonaro ainda vetou boa parte da ampliação do benefício prevista pelos parlamentares, como o pagamento do auxílio a motoristas de aplicativo de transporte, taxistas, caminhoneiros, agricultores familiares, ambulantes de praias e garçons.
Depois, dada a gravidade da situação econômica que seu governo deixou, além da proximidade com o período eleitoral, Bolsonaro então criou o auxílio Brasil, extinguindo o Bolsa Família. O que ele escondeu é que o programa só tem recursos garantidos até dezembro. Para o ano que vem, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que seu governo enviou ao Congresso Nacional para ser aprovada não engloba o programa.
No vídeo abaixo, você pode ver uma infinidade de vezes que Bolsonaro foi contra o auxílio, apesar de agora ir para a TV dizer em horário eleitoral que foi ele que criou e que nós devemos isso a ele.
Falta de credibilidade no cenário internacional
O governo Bolsonaro promove um amplo desgaste da imagem do Brasil perante o resto do mundo e isso traz mais dificuldades para a recuperação econômica e para a redução do desemprego no país.
Ao longo desses quatro anos de mandato, a forma como a comunidade internacional enxerga o Brasil sofreu e sofre duros golpes promovidos pela política de Bolsonaro. O país já sofre represálias, como o anúncio do fechamento de três fábricas da Ford no Brasil, após um século da companhia em nossas terras, além dos ataques do presidente francês, Emmanuel Macron, à importação da soja brasileira.
Outro fato importante foi a divulgação, pela organização internacional Human Rights Watch (HRW), de um relatório que acusa o presidente Jair Bolsonaro de ter tentado “sabotar” as ações de combate à crise sanitária, como a compra de vacinas.
Além do campo político e sanitário, Bolsonaro ainda fere a imagem internacional do Brasil com o aumento recorde do desmatamento dos biomas brasileiros, especialmente a Amazônia.
Entre 2018 e 2021, o governo Bolsonaro promoveu crescimento de 57% do desmatamento da Amazônia, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). A área desmatada passou de 7.536 km², em 2018, para impressionantes 13 mil km² em 2021.
Apenas em 2021, foi desmatada uma área de 13.235 km², um aumento de 21,97% na taxa de destruição em relação ao ano anterior. E é a maior taxa já registrada desde 2006, de acordo com levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
Existe um movimento internacional para que não sejam feitos negócios com nações que não preservam o meio ambiente. E isso não é só uma ideia, está cada vez mais real a chance de a União Europeia (UE) aplicar sanções econômicas rígidas contra o Brasil por conta das altas taxas de desmatamento no país.
Em setembro deste ano, pela primeira vez na história, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que estabelece sanções comerciais contra o Brasil por conta do desmatamento.
De acordo com o projeto, somente terão acesso ao mercado da União Europeia produtos importados que tenham sido produzidos em terrenos no qual não houve desmatamento depois de 31 de dezembro de 2020. Para que o projeto entre em vigor, ele ainda precisa ser aprovado por cada um dos 27 países membros da UE.
Para o Brasil, isso quer dizer que está em jogo produtos que correspondem a mais de US$ 10 bilhões das exportações do país à União Europeia por ano, entre eles, o óleo de palma, a soja, o cacau, o café e a carne.
A gestão que Bolsonaro faz do meio ambiente nos envergonha e coloca o Brasil como vilão da preservação ambiental no mundo, trazendo prejuízos econômicos significativos.
Geração de emprego
O Brasil de Bolsonaro tem 13,2 milhões de pessoas trabalhando sem carteira assinada. Agora, 39,7 milhões de brasileiros têm trabalhos precários e 9,7 milhões de pessoas estão desempregadas. Os dados são de agosto e foram levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE.
No segundo trimestre desse ano, a taxa de informalidade dentre as pessoas que estão trabalhando é de 39,7%, o que representa 99 milhões de trabalhadores, de acordo com dados da PNAD.
No primeiro ano do governo Bolsonaro, a taxa de informalidade no mesmo trimestre de 2019 atingiu o recorde histórico de 41%, maior do que os 40% vistos no mesmo período do ano anterior, no governo Temer, quando foi aprovada a Reforma Trabalhista, que tinha como promessa a geração de milhões de empregos.
Porém, na prática, a política de reduzir direitos trabalhistas, defendida e continuada por Bolsonaro, gerou um contingente de milhões de brasileiros no trabalho precário, no trabalho escravo, em meio à carestia e com a renda desvalorizada. Em meio a isso, o presidente colocou os brasileiros pra lidar com a disparada nos preços dos alimentos, com o aumento do endividamento e a inadimplência, que estão batendo recordes, além da fome que explodiu no país. Isso sem falar em como dispararam os preços da conta de luz, dos medicamentos, do gás de cozinha. Toda essa desgraça citada acima com o aval do Palácio do Planalto.
Salário mínimo
A proposta enviada pelo presidente de orçamento para 2023 prevê um salário mínimo de R$ 1.294 e isso quer dizer que ele não terá nenhum centavo de aumento real.
Se o valor não for alterado, será mais um ano, no atual governo, que o salário mínimo não tem aumento acima da inflação. A última vez que o salário teve aumento real foi em 2019. Na prática, durante todo governo Bolsonaro, o salário mínimo não aumentou.
A proposta de Bolsonaro representa um aumento de R$ 82 em relação ao salário atual, ou seja, 6,8%, menos do que a previsão da inflação deste ano, que foi revisada pelo governo e passou de 7,9% para 7,2%.
O presidente Jair Bolsonaro será o primeiro presidente desde o Plano Real, há 28 anos, a terminar seu mandato com o salário mínimo valendo menos do que quando entrou. Nenhum governo neste período, no primeiro ou segundo mandato, entregou um mínimo que tivesse perdido poder de compra.
O salário mínimo oficial de 2023 só será conhecido no fim do ano porque é quando o governo faz o ajuste final entre o que está previsto e como será a inflação, de fato.
É importante lembrar que o arrocho no salário mínimo reflete também em todos os benefícios que têm o salário mínimo como base de cálculo, e que cerca de 64% das aposentadorias e pensões no Brasil são de um salário mínimo. O governo Bolsonaro prejudica todo mundo.
A realidade imposta aos brasileiros não sustenta o discurso de recuperação econômica divulgado por Bolsonaro.
Foram as decisões equivocadas que o presidente teve que nos levou para este buraco. Não há em seu projeto perspectiva de mudança, o que há é a defesa desse modus operandi que nos levou ao buraco.
Por isso, se Bolsonaro for reeleito, a merda vai continuar no seu bolso.