Adolescente agradece a mãe por acorrentá-lo para não usar crack
'Eu estava me matando sozinho até que minha mãe resolveu me salvar', contou o garoto
Um adolescente de 17 anos que é viciado em crack e mora em Itapetininga, interior de São Paulo, relatou a Paola Patriarca, do “G1”, suas inúmeras tentativas de se libertar do vício e que foi até acorrentado pela mãe por três dias.
Aos onze anos, o garoto começou a fumar maconha e experimentou todos os tipos de drogas, mas chegou no crack e ficou. O menor chegou a ser internado em São Paulo durante um tempo, mas teve uma recaída.
“Comecei a usar ainda na infância, mas eu estava tranquilo há dois anos. Foi aí que me ofereceram e o vício voltou. Tinha R$ 300 que consegui trabalhando e gastei tudo em droga. Depois, comecei a furtar objetos”, contou. Os furtos passaram pela casa da avó e das casas vizinhas de onde o menor morava, e até chegou a receber ameaça dos moradores.
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A mãe do jovem, que é dona de casa e tem 35 anos, tentou de várias maneiras ajudar o filho a largar o vício, mas foi em vão. Até que recorreu ao uso de uma corrente de seis metros para prender o menor e depois tentar interná-lo numa clínica.
“Eu fiz de tudo e nada funcionou. Procurei a polícia, procurei o Caps, mas ele não melhorou. Não adiantou. Foi então que, depois de saber que ele era ameaçado por vizinhos por furtar objetos para comprar droga que resolvi acorrentá-lo e não deixá-lo sair. Melhor acorrentar do que ver ele morto. Eu faria de novo se fosse preciso”, afirmou ao “G1”.
Além do adolescente, a mãe morava com mais quatro filhos em Itapetininga, mas seu marido recebeu uma proposta de emprego no interior do Mato Grosso do Sul e se mudaram. O adolescente foi junto, mas depois voltou a morar com a avó em Itapetininga.
Segundo a reportagem, o adolescente está há mais de uma semana em uma clínica de reabilitação na região de São José do Rio Preto e agradece por ter sido acorrentado pela mãe.
“A droga, o crack, só causa destruição. Eu estava me matando sozinho até que minha mãe resolveu me salvar ao me deixar acorrentado com ela para evitar uma tragédia. O vício me fez furtar e deixar minha família preocupada. Eu preciso de ajuda e quero melhorar. Quero me libertar do crack”, declarou o garoto.
No começo, ir para a clínica não o agradou, mas agora afirma que está gostando e até fez amigos. Depois que se curar, o menor quer retomar os estudos, porque parou no ensino fundamental, e também vislumbra a profissão que quer seguir. “Já pensei em ser advogado, médico. Mas quero mesmo ser bombeiro e ajudar a salvar vidas. Quem sabe quando eu sair daqui eu consiga. Quero poder trabalhar e ajudar minha avó e minha mãe. Eu as amo muito e quero compensar tudo que fiz”, acrescentou.
A dependência do jovem é forte, segundo o responsável pela clínica em que está internado, e a previsão do tratamento é de nove meses. “Em três meses o adolescente se recupera da dependência física, mas a dependência emocional e mental demora mais. A recuperação do trauma, o pesadelo e a obsessão demoram cerca de seis meses. A gente conversou e ele já se diz arrependido de ter deixado a avó cheia de contas e sem nada, o que é um bom sinal”, contou ao “G1”.
O garoto vai trabalhar e estudar de forma monitorada antes de deixar a clínica e a mãe só vai poder visitá-lo no segundo domingo do próximo mês.
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