Adolescente agradece a mãe por acorrentá-lo para não usar crack

'Eu estava me matando sozinho até que minha mãe resolveu me salvar', contou o garoto

17/07/2017 11:37

Um adolescente de 17 anos que é viciado em crack e mora em Itapetininga, interior de São Paulo, relatou a Paola Patriarca, do “G1”, suas inúmeras tentativas de se libertar do vício e que foi até acorrentado pela mãe por três dias.

Aos onze anos, o garoto começou a fumar maconha e experimentou todos os tipos de drogas, mas chegou no crack e ficou. O menor chegou a ser internado em São Paulo durante um tempo, mas teve uma recaída.

Garoto foi acorrentado pela mãe na tentativa de impedir que ele usasse crack
Garoto foi acorrentado pela mãe na tentativa de impedir que ele usasse crack

“Comecei a usar ainda na infância, mas eu estava tranquilo há dois anos. Foi aí que me ofereceram e o vício voltou. Tinha R$ 300 que consegui trabalhando e gastei tudo em droga. Depois, comecei a furtar objetos”, contou. Os furtos passaram pela casa da avó e das casas vizinhas de onde o menor morava, e até chegou a receber ameaça dos moradores.

A mãe do jovem, que é dona de casa e tem 35 anos, tentou de várias maneiras ajudar o filho a largar o vício, mas foi em vão. Até que recorreu ao uso de uma corrente de seis metros para prender o menor e depois tentar interná-lo numa clínica.

“Eu fiz de tudo e nada funcionou. Procurei a polícia, procurei o Caps, mas ele não melhorou. Não adiantou. Foi então que, depois de saber que ele era ameaçado por vizinhos por furtar objetos para comprar droga que resolvi acorrentá-lo e não deixá-lo sair. Melhor acorrentar do que ver ele morto. Eu faria de novo se fosse preciso”, afirmou ao “G1”.

Além do adolescente, a mãe morava com mais quatro filhos em Itapetininga, mas seu marido recebeu uma proposta de emprego no interior do Mato Grosso do Sul e se mudaram. O adolescente foi junto, mas depois voltou a morar com a avó em Itapetininga.

Segundo a reportagem, o adolescente está há mais de uma semana em uma clínica de reabilitação na região de São José do Rio Preto e agradece por ter sido acorrentado pela mãe.

“A droga, o crack, só causa destruição. Eu estava me matando sozinho até que minha mãe resolveu me salvar ao me deixar acorrentado com ela para evitar uma tragédia. O vício me fez furtar e deixar minha família preocupada. Eu preciso de ajuda e quero melhorar. Quero me libertar do crack”, declarou o garoto.

No começo, ir para a clínica não o agradou, mas agora afirma que está gostando e até fez amigos. Depois que se curar, o menor quer retomar os estudos, porque parou no ensino fundamental, e também vislumbra a profissão que quer seguir. “Já pensei em ser advogado, médico. Mas quero mesmo ser bombeiro e ajudar a salvar vidas. Quem sabe quando eu sair daqui eu consiga. Quero poder trabalhar e ajudar minha avó e minha mãe. Eu as amo muito e quero compensar tudo que fiz”, acrescentou.

A dependência do jovem é forte, segundo o responsável pela clínica em que está internado, e a previsão do tratamento é de nove meses. “Em três meses o adolescente se recupera da dependência física, mas a dependência emocional e mental demora mais. A recuperação do trauma, o pesadelo e a obsessão demoram cerca de seis meses. A gente conversou e ele já se diz arrependido de ter deixado a avó cheia de contas e sem nada, o que é um bom sinal”, contou ao “G1”.

O garoto vai trabalhar e estudar de forma monitorada antes de deixar a clínica e a mãe só vai poder visitá-lo no segundo domingo do próximo mês.

Leia a reportagem na íntegra.

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