Adriana Esteves relembra assédio sexual de fotógrafos

Atriz disse que contratantes passavam a mão em seu corpo

Adriana Esteves relatou assédio sexual na época em que era modelo
Créditos: Reprodução/TV Globo
Adriana Esteves relatou assédio sexual na época em que era modelo

Adriana Esteves revelou que sofreu assédio sexual na época em que era modelo. A atriz, que interpreta a cafetina Laureta em “Segundo Sol” – trama das 21h da Globo –, disse que os fotógrafos se aproveitavam dela e das outras profissionais para passar a mão em seus corpos.

“Onde mais me aconteceu foi trabalhando como modelo, naquela fase que você não sabe se é menina ou mulher, que não está preparada psicologicamente para lidar com situações como essas. Havia fotógrafos abusadores que, enquanto estavam no domínio, luzes ligadas, te fotografando de biquíni, de lingerie, seguravam e tocavam em lugares do seu corpo que não eram para ser tocados. Um constrangimento horrível. E faziam isso de forma recorrente, com todas as modelos. Eu inventava que estava me sentindo mal, que precisava pegar meu roupão. Isso tem que acabar”, declarou à revista “Marie Claire”.

A famosa também relembrou os assédios que sofreu na infância: “Quando era criança, morava no subúrbio do Rio de Janeiro [Méier], e brincava na rua. Alguns homens paravam o carro e ficavam chamando as meninas. Eu sabia que aquilo estava errado e saía correndo. Mas não tinha coragem de contar em casa e meus pais não sacavam que era perigoso, a situação se repetia. Não era fácil. Passei anos tendo o pesadelo de correr de um carro, enquanto minha perna ia ficando fraca e não conseguia entrar em casa. Já mais velha, eu pegava três ônibus para chegar à zona sul, onde estudava. Dependendo do bairro, colocava um camisetão, amarrava o casaco na cintura. Andava na rua escondendo minha feminilidade. Como era cansativo! Hoje, eu gritaria, contaria para todo mundo e denunciaria”.

No elenco da série “Assédio” – que relata histórias de mulheres abusadas sexualmente por um médico –, Esteves enfatizou a importância de abordar o assunto.

“Faço uma das vítimas, a história se passa nos anos 1990. A minha personagem é uma professora muito bem casada, e com os abusos terríveis que sofre de um médico, desenvolve um problema psicológico grave e o casamento acaba. Ela para de dar aula e vai para uma clínica psiquiátrica. As vítimas desse médico se unem para denunciá-lo e colocá-lo na cadeia. A série se passa na minha geração, época que eu poderia ter feito uma inseminação e poderia ter caído na mão de um monstro deste. Muitas conhecidas fizeram e, se elas sofreram algum abuso, talvez nunca tenham contado para ninguém. Existe a vergonha de dizer para o marido, para o pai, para a melhor amiga. Agora, estamos conseguindo falar o que tem que ser falado”, completou.