Aldeia indígena em PE tem escola e posto de saúde incendiados

"A barbárie começou", escreveu o Povo Pankararu no Facebook

A principal suspeita do ato criminoso na aldeia é a retaliação de posseiros expulsos
Créditos: Reprodução / Facebook
A principal suspeita do ato criminoso na aldeia é a retaliação de posseiros expulsos

A aldeia indígena Bem Querer de Baixo, no sertão de Pernambuco, usou sua página no Facebook para denunciar que sua única escola e seu único posto de saúde foram incendiados na madrugada desta segunda-feira, 29. “A barbárie começou”, escreveu o Povo Pankararu na rede social.

“Hoje nosso povo acorda com uma escola e um PSF destruídos pelo fogo do ódio, preconceito e da intolerância. A Escola São José e o PSF, prédios da Prefeitura de Jatobá, localizados na aldeia Bem Querer de Baixo, foram criminosamente incendiados tendo praticamente perda total da estrutura física, móveis, documentos, equipamentos… Pouca coisa se salvou”, relatou a comunidade.

Segundo as lideranças, a principal suspeita do ato criminoso é a retaliação de posseiros expulsos, que podem estar tentando instaurar o medo após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. A tribo é a área de maior conflito entre indígenas e posseiros.

https://www.facebook.com/pankararunet/posts/2184561924947154

“Os maiores prejudicados são as crianças sem escola nas vésperas do fim do ano letivo, a comunidade sem o PSF onde eram realizados cerca de 500 atendimentos mensais e a nossa alma que é constantemente ferida, machucada… Mas jamais silenciada”, ressalta a tribo na nota de repúdio. “Que se faça a devida investigação, que os culpados sejam punidos, que haja justiça!”, finaliza o post.

Após comentários de apoio à publicação, a aldeia agradeceu: “Nós do Povo Pankararu agradecemos imensamente cada mensagem de apoio e de força. Gostaríamos que vocês todos continuem vibrando essa energia de solidariedade, mas o momento pede justiça. Esse crime não pode ficar por isso mesmo pra não dar espaço pra outros ataques. Esse crime não pode ficar impune. Não vamos desistir”.

A única escola e o único hospital foram incendiados
Créditos: Reprodução / Facebook
A única escola e o único hospital foram incendiados

Ao UOL, os índios disseram que estão temerosos em dormir no local, pois não há policiamento. “As entradas das aldeias não têm vigilantes e nós vamos tentar dormir mesmo com medo. Já tomamos medidas de segurança de não sair de casa à noite e não andar de moto para não ficarmos expostos. Hoje foi um prédio, mas se a polícia não agir, pode ser um de nós atacado.”

A Polícia Civil de Pernambuco informou ao veículo que está investigando o caso e que um inquérito policial foi instaurado, depois de perícia nas áreas incendiadas.