Alunos de medicina da Unesp usam roupa da Ku Klux Klan para receber calouros

Festa organizada por alunos do 6º ano do curso de medicina da Unesp de Botucatu ocorreu no último dia 5 de março

Uma festa promovida por alunos do curso de medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Botucatu, realizada em 5 de março, será investigada pela instituição. Nela, veteranos do 6º ano receberam calouros vestidos com roupas similares as da Ku Klux Klan, seita norte-americana que pregava a supremacia da raça branca.

Imagens do “Batizado da Medicina”, organizado por estudantes da 48ª turma do curso, foram divulgadas pela página “Opressão na Medicina”, no Facebook. Elas mostram veteranos vestindo capas e gorros pretos, com tochas nas mãos, sendo observados por calouros ajoelhados durante a noite.

O caso será investigado por meio de uma CAP (Comissão de Apuração Preliminar), a ser publicada em portaria pela Unesp, de acordo com nota divulgada pela universidade nesta segunda, dia 30. Uma sindicância será aberta caso seja constatada infração ao Regimento Geral da Unesp. O código prevê punições que vão de advertência verbal a desligamento da faculdade.

Em nota também publicada nesta segunda, os alunos responsáveis pela festa afirmaram que a fantasia fazia referência, na verdade, a um “carrasco”. “As fantasias foram utilizadas apenas para a entrada da turma, sendo que foram retiradas logo após a entrada, dando início a confraternização com os calouros no evento”, diz o comunicado.

Fantansia se assemelha a usada por membros da KKK, seita norte-americana que pregava a supremacia da raça branca

Violência e preconceito

A página “Rede de Proteção às Vítimas de Violência nas Universidades“, no Facebook, também publicou algumas fotos do evento e declarou repúdio ao caso. “A KKK é exemplo de ódio, de eugenia, intolerância e morte. O que pensar de médicos que se predispõe a emular coisas que existiram de pior na história da humanidade?”, diz uma das publicações na página.

Um estudo recente realizado com alunos da Fmusp (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) constatou que nove em cada dez estudantes já sofreram algum tipo de agressão ao longo de sua formação.

De acordo com o UOL Educação, o levantamento do Departamento de Medicina Preventiva foi feito em um universo de 317 alunos (cerca de 25% do total) por meio de um formulário divulgado aos graduandos do 1º ao 6º ano, por e-mail. Entre as agressões sofridas no ambiente acadêmicos foram listadas assédio, discriminação sexual, ameaças de agressões físicas, depreciação e humilhação.