Após três décadas, Collor pede perdão pelo confisco da poupança

Em março de 1990, o Plano Collor limitou os saques a 50 mil cruzeiros

O ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello (MDB-AL) usou as redes sociais nesta segunda-feira, 18, para pedir desculpas pelo confisco de parte do saldo de cadernetas de poupança e contas-correntes praticado em seu governo 30 anos atrás.

Em março de 1990, o Plano Collor limitou os saques a 50 mil cruzeiros, moeda que substituiu o cruzado novo
Créditos: Reprodução/Facebook
Em março de 1990, o Plano Collor limitou os saques a 50 mil cruzeiros, moeda que substituiu o cruzado novo

De acordo com Collor, a decisão foi tomada na tentativa de conter a hiperinflação de 80% ao mês.

“Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos”, publicou.

Em março de 1990, o Plano Collor limitou os saques a 50 mil cruzeiros, moeda que substituiu o cruzado novo.

Estima-se que, à época, o governo tenha confiscado o equivalente a cerca de US$ 100 bilhões, o que correspondia a 30% do PIB, causando desespero dos cidadãos.

O controle da inflação veio somente em 1994, com o Plano Real, no governo Itamar Franco. As perdas dos poupadores com o Plano Collor são discutidas até hoje no Judiciário.

Veja abaixo as postagens na íntegra compartilhadas pelo ex-presidente:

“Pessoal, entendo que é chegado o momento de falar aqui, com ainda mais clareza, de um assunto delicado e importante: o bloqueio dos ativos no começo do meu governo. Quando assumi o governo, o país enfrentava imensa desorganização econômica, por causa da hiperinflação: 80% ao mês!

Os mais pobres eram os maiores prejudicados, perdiam seu poder de compra em questão de dias, pessoas estavam morrendo de fome. O Brasil estava no limite! Durante a preparação das medidas iniciais do meu governo, tomei conhecimento de um plano economicamente viável, mas politicamente sensível, com grandes chances de êxito no combate à inflação. Era uma decisão dificílima. Mas resolvi assumir o risco.

Sabia que arriscava ali perder a minha popularidade e até mesmo a Presidência, mas eliminar a hiperinflação era o objetivo central do meu governo e também do País. Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos.

Eu e a minha equipe não víamos alternativa viável naquele início de 1990. Quisemos muito acertar. Nosso objetivo sempre foi o bem do Brasil e dos brasileiros.”