Bebês eram amarrados no banheiro para choro não ser ouvido na rua

Segundo professoras, a diretora da escola alegava querer manter uma 'boa impressão'

Bebês eram amarrados no banheiro da Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, na Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, para choro não serem ouvidos na rua, relatam duas professoras que trabalharam no local. A instituição é investigada por maus-tratos e tortura das crianças.

SP: Crianças são presas com ‘camisa de força’ em banheiro de escola
Créditos: Reprodução/Twitter
SP: Crianças são presas com ‘camisa de força’ em banheiro de escola

Segundo as professoras, a diretora da escola lhes diziam que o objetivo era manter uma “boa impressão” e ainda alegava que “os choros poderiam ser ouvidos pelas pessoas que estivessem passando pela rua da escola ou pais que estivessem visitando o local”, que poderiam imaginar que as crianças estariam sendo maltratadas de alguma maneira.

“Ela mesma levava para o banheiro, até brigava com os professores, questionando o motivo que a criança que estava chorando ainda não tinha sido levada para o banheiro. Quando elas estavam chorando não podiam ficar em sala de aula, porque se alguém estivesse andando na rua e ouvisse a criança chorando ia imaginar que elas podiam estar sendo maltratadas. Ela queria dar a aparência de uma escola perfeita” relatou uma professora ao portal G1.

Uma professora, que não quis ser identificada, contou ao G1 que a diretora da escola sempre que ouvia uma criança chorando ia até a sala de aula repreender o aluno, que se não parasse, ela mesmo o levava para o banheiro.

“Ela entrava na sala e mandava a criança calar a boca, quando a criança chorava muito, ela tirava eles da sala de aula e levava até o banheiro e deixava lá trancado no escuro no bebê conforto. Quando era uma [criança] maiorzinha, ela levava para ficar sentado no chão da própria sala por horas, muitas chegavam a dormir sentados de tão cansados”, afirmou a professora que trabalhou no local de novembro até fevereiro no local.

A professora também relatou que, além de amarrar os bebês, a diretora também apagava a luz e fechava a porta do banheiro. “Ela se irritava muito com o choro, nós não colocávamos eles no banheiro, sempre tentávamos acalmá-los na sala mesmo. Quando o choro persistia ela entrava nervosa na sala afirmando que não queria criança chorando em sala de aula, nisso ela fazia a amarração e levava a criança para o banheiro, em alguns casos ela pedia para a tia da limpeza ajudar ela”.

A escolinha é investigada desde a semana passada, após vídeos das crianças amarradas no banheiro viralizarem, pelos crimes de maus-tratos, periclitação de vida, que é colocar a saúde das crianças em risco, e submissão delas a vexame ou constrangimento.

Duas mães reconheceram seus filhos nos vídeos e relataram que as crianças voltavam para casa machucadas e doentes.

Após o depoimento dessas mães e outras pessoas relatando como os bebes eram tratados na escola, a Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 8ª Delegacia Seccional, decidiu incluir a tortura como crime em que a escolha é investigada.

As donas da escola, as irmãs, Roberta Regina Rossi Serme e Fernanda Carolina Rossi Serme afirmaram por meio de nota que “a Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica ME suspendeu as atividades temporariamente”. “Mais do que ninguém a instituição quer saber o propósito dessas acusações incabíveis, inverídicas e aterrorizantes em que foram expostas”.