Bolsonaro muda comissão sobre mortos e desaparecidos políticos
Entre os novos integrantes, estão militares e membros do PSL
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, trocaram quatro dos sete integrantes da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. A mudança foi publicada no “Diário Oficial da União” desta quinta-feira, 1º.
Nos últimos dias, o presidente se envolveu em uma polêmica com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe de Santa Cruz, ao afirmar que a morte do pai do jurista durante a ditadura militar foi provocada pelo grupo de esquerda do qual fazia parte. No entanto, o próprio colegiado declarou que Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira foi morto pelo Estado.
Segundo Bolsonaro, a alteração ocorreu porque mudou o presidente da República. “O motivo é que mudou o presidente, agora é o Jair Bolsonaro, de direita. Ponto final. Quando eles botavam terrorista lá [na comissão], ninguém falava nada. Agora mudou o presidente. Igual mudou a questão ambiental também”, disse.
Veja abaixo as alterações feitas na composição da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, de acordo com o decreto publicado nesta quinta:
- Marco Vinicius Pereira de Carvalho, filiado ao PSL e assessor especial de Damares, substitui Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, atual presidente do colegiado;
- Weslei Antônio Maretti substitui Rosa Maria Cardoso da Cunha;
- Vital Lima Santos substitui João Batista da Silva Fagundes;
- Filipe Barros Baptista de Toledo Ribeiro substitui Paulo Roberto Severo Pimenta.
O atestado de óbito omitido pela comissão no último dia 24 apontou que a morte de Fernando Santa Cruz se deu de forma “não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro”. Além disso, um relatório da Comissão Nacional da Verdade destacou que documentos da Marinha e da Aeronáutica apontam que o pai do presidente da OAB foi preso e desapareceu enquanto estava sob custódia das Forças Armadas, em 1974.
Eugênia Gonzaga, presidente substituída do colegiado, criticou Bolsonaro nesta segunda-feira, 29, pelas declarações relacionadas a Santa Cruz. “Consideramos extremamente grave pela dor dos familiares, mas também pelo fato de ser um presidente da República de um país que vem assumindo essas mortes desde 1995, pelo menos”, afirmou.