Bolsonaro nega Racismo, diz que é ‘daltônico’ e não cita João Alberto
"Nossos problemas são muito mais complexos e vão além de questões raciais", disse o presidente
No dia em que o Brasil se indignou com o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, o homem negro espancado e asfixiado até a morte, em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre (RS) por dois seguranças brancos, na véspera do Dia da Consciência Negra, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi ao Twitter negar o racismo no Brasil, dizer que é ‘daltônico e não citou o caso.
“Estamos longe de ser perfeitos. Temos, sim, os nossos problemas, problemas esses muito mais complexos e que vão além de questões raciais. O grande mal do país continua sendo a corrução moral, política e econômica. Os que negam este fato ajudam a perpetuá-lo.”, escreveu Bolsonaro.
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“Não adianta dividir o sofrimento do povo brasileiro em grupos. Problemas como o da violência são vivenciados por todos, de todas as formas, seja um pai ou uma mãe que perde o filho, seja um caso de violência doméstica, seja um morador de uma área dominada pelo crime organizado”, escreveu Bolsonaro.
“Existem diversos interesses para que se criem tensões entre nosso próprio povo. Um povo unido é um povo soberano, um povo dividido é um povo vulnerável. Um povo vulnerável é mais fácil de ser controlado. E há quem se beneficie politicamente com a perda de nossa soberania”, afirmou Bolsonaro.
“Não nos deixemos ser manipulados por grupos políticos. Como homem e como Presidente, sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras. Existem homens bons e homens maus. São nossas escolhas e valores que fazem a diferença”, completou Bolsonaro.
Diferentemente do que aponta Bolsonaro, a realidade brasileira evidenciada nas pesquisas de instituições públicas e privadas do país é outra. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estátistica (IBGE), negros têm maiores dificuldades de acesso à moradia, 7 em cada 10 pessoas que moram em casas com inadequação são pretos ou pardos.
De acordo com estudo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em parceria com a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), trabalhadores negros recebem salário 17% menor que o de brancos que têm a mesma origem social, em média.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020 aponta que oito a cada dez pessoas mortas pela polícia em 2019 eram negras.
Em nenhuma das mensagens, Bolsonaro cita esses dados ou menciona João Alberto.