Bolsonaro paga maiores salários de seu gabinete para homens
Em contrapartida, os menores honorários são de três mulheres
Jair Bolsonaro (PSL) nega veemente ser a favor da desigualdade salarial entre homens e mulheres. Entretanto, dados comprovam que o candidato à presidência da república não emprega tais ideais entre os próprios funcionários.
Isso porque dois dos maiores salários pagos em seu gabinete são para homens, e três dos honorários mais baixos são de funcionárias do sexo feminino.
De acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, Bolsonaro paga R$ 15.022,32 mensalmente para Pedro Cesar de Souza e Telmo Broetto. Enquanto os menores valores, R$ 1.706,55, R$ 2.141,90 e R$ 2.832,66, são de Miqueline Matheu, Nayara Correia e Bianca Santos, respectivamente.
Ainda segundo a publicação, é de responsabilidade do parlamentar determinar se é um homem ou uma mulher a exercer os cargos com salários mais altos ou mais baixos no gabinete.
RENATA COLOCA BOLSONARO EM SEU LUGAR
Renata Vasconcellos questionou Jair Bolsonaro sobre a diferença salarial entre homens e mulheres na entrevista do candidato ao “JN”, da Globo, e o político comparou a atual situação brasileira aos salários dos apresentadores.
“Eu estou vendo aqui uma senhora e um senhor [Vasconcellos e Bonner], eu não sei ao certo, mas há uma diferença salarial aqui. Me parece que muito maior para ele do que para a senhora. São cargos semelhantes, não são iguais.”
Logo em seguida, Bolsonaro foi pego de surpresa por uma declaração da apresentadora, que acabou viralizando nas redes sociais.
“Seu salário de deputado nós pagamos. E sabemos qual é, como cidadã e contribuinte. O meu, na iniciativa privada, não sou obrigada a dizer. Mas o senhor saiba que não aceitaria receber menos que um homem na mesma função que eu”, afirmou a jornalista.
DESIGUALDADE SALARIAL
O tema em questão já foi abordado em entrevistas anteriores com Bolsonaro. Antes de concorrer ao pleito, o postulante do PSL chegou a afirmar que “não empregaria uma mulher com o mesmo salário que um homem”.
Agora, o segundo colocado nas intenções de voto moderou o tom quanto à questão, mas continua afirmando que não tem projeto porque a igualdade já está “assegurada na Constituição”.
Fato é que a realidade é completamente diferente da prática e está longe de acabar. Dados divulgados no Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016, do Fórum Econômico Mundial, apontou que a diferença entre os salários de homens e mulheres no Brasil só será realmente igual em 2111, ou seja, quase cem anos.
Entre os 144 países avaliados no relatório, o Brasil ocupa a 129ª posição — especialmente a respeito da igualdade de salário entre os gêneros. Os países com muitos casos de violência contra a mulher, como Irã e Arábia Saudita, estão em melhor posição na lista.
Segundo o texto, serão necessários 95 anos, caso o atual ritmo seja mantido, para equiparar as condições econômicas de homens e mulheres no Brasil. No entanto, incluindo política, educação e outras questões sociais, acabar com a desigualdade de gênero no país levará 104 anos. Já a taxa mundial chega a 170 anos.
O estudo também aponta que a presença de Dilma Rousseff no cargo de presidente fez o Brasil subir no ranking geral, passando da 85ª posição para a 79ª entre 2014 e 2015. No entanto, a classificação ainda é pior do que dez anos atrás, quando o Brasil estava na 67ª posição. Atualmente, o país está atrás dos 17 outros países latino-americanos.