Bolsonaro volta a atacar Lava-Jato e dispara: ‘Não tem finalidade’

'Para nós a Lava-jato, vamos dizer assim, não tem finalidade', disse o presidente

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a falar da Operação Lava-Jato, nesta quinta-feira, durante sua live semanal e disse que a força tarefa ‘não tem finalidade. A declaração se dá após ele ter dito que ‘acabou com a Lava-Jato’ e gerar um mal estar político e institucional.

Bolsonaro volta a atacar Lava-Jato e dispara: ‘No tem finalidade’
Créditos: Reprodução/Facebook
Bolsonaro volta a atacar Lava-Jato e dispara: ‘No tem finalidade’

Nesta quinta, Bolsonaro quis se eximir da responsabilidade pelo que falou e culpou a imprensa pelo mal estar gerado com suas declarações.

“Eu vou tocar a última vez no assunto de “acabei com a lava-jato”. É impressionante a hipocrisia de muita gente, de grande parte da imprensa. No meu governo não tem mais Lava-Jato, nós não temos nenhuma notícia de corrupção, para nós a Lava-jato, vamos dizer assim, não tem finalidade”, afirmou Bolsonaro, em sua live semanal.

Na quarta-feira, Bolsonaro disse que tinha acabado com a Lava-Jato, porque não tinha mais corrupção no governo. “Queria dizer a essa imprensa maravilhosa nossa que eu não quero acabar com a Lava-Jato… eu acabei com a Lava-Jato porque não tem mais corrupção no governo”. Essa declaração foi dada durante uma cerimônia no Palácio do Planalto.

A concepção de Bolsonaro sobre o papel atual da Lava-Jato não pegou bem.  Integrantes da força-tarefa reagiram às declarações com uma nota pública lamentando o teor do discurso. O ex-ministro da Justiça e ex-juiz da operação, Sergio Moro, também criticou a fala do presidente.

“As tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção. É o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia. Esse filme é conhecido. Valerá a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?”, afirmou Moro em seu perfil no Twitter.

Em nota, os procuradores apontaram que o discurso do chefe do Executivo indica “desconhecimento sobre a atualidade dos trabalhos e a necessidade de sua continuidade”, mas mais que isso “reforça a percepção sobre a ausência de efetivo comprometimento com o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção”.

“A Lava Jato é uma ação conjunta de várias instituições de Estado no combate a uma corrupção endêmica e, conforme demonstram as últimas fases dos trabalhos, ainda se faz essencialmente necessária”, dizem os procuradores, que ainda lembraram que horas antes da declaração de Bolsonaro, a 76ª fase da operação apreendeu quase R$ 4 milhões na casa de um ex-funcionário da Petrobras suspeito de receber propinas.

Bolsonaro disse, hoje, que apesar de dizer que o governo dele não precisa da operação, outros órgãos e governos estaduais, municipais precisam. “Agora para os demais órgãos do Brasil, alguns municípios e estados vai continuar funcionando normalmente, ontem mesmo tivemos operação Lava-Jato, quase diariamente temos operação Lava-Jato, O Covidão nem começou ainda. Tem estados aí que o governador já recebeu 3 visitas da PF. Então, o pessoal fala que eu tô acabando com a Lava Jato, quem fala isso aí ou é desinformado ou está agindo de má fé, ou está com dor de cotovelo”, disse, sem citar nomes.

“Eu sei que é obrigação, mas no passado vocês não tinham isso. No passado as diretorias eram tudo loteadas por partido político. Está na cara que tinhas problemas. Eu tenho muito orgulho de estar a frente do Executivo com 23 ministros onde nenhuma suspeita de corrupção até o momento pairou sobre nós. Obviamente pode acontecer pelo tamanho das pastas”, afirmou Bolsonaro.