Bolsonaro volta atrás e diz que meninas venezuelanas eram ‘trabalhadoras’

Durante entrevista em podcast, o atual presidente do Brasil havia dito que as garotas estavam "bem arrumadas" para "para fazer programa"

O presidente Jair Bolsonaro gravou um vídeo nesta terça-feira, 18, pedindo desculpa pela declaração sobre meninas venezuelanas em uma casa que ele visitou no Distrito Federal. Depois de dizer que as jovens se arrumavam para fazer programa, Bolsonaro, ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, disse agora que eram trabalhadoras.

Bolsonaro volta atrás e diz que meninas venezuelanas eram ‘trabalhadoras’
Créditos: Reprodução/Twitter
Bolsonaro volta atrás e diz que meninas venezuelanas eram ‘trabalhadoras’

O presidente tenta se explicar depois da repercussão negativa de declarações sobre a visita que ele fez a uma residência onde tinham garotas venezuelanas. Em uma das frases, ele falou que “pintou um clima” e, por isso, resolveu entrar no lugar.

No vídeo gravado de agora, Bolsonaro dá uma versão de que teve uma “dúvida” e uma “preocupação” sobre as jovens no local, porém que a essas incertezas foram esclarecidas pela então ministra Damares Alves. De acordo com Bolsonaro, a ministra foi ao lugar e verificou que eram meninas “trabalhadoras”.

O presidente ainda pediu desculpas e alegou que as frases foram tiradas do contexto.

Também estava ao lado dele na gravação está María Tereza Belandria Expósito, nomeada embaixadora da Venezuela no Brasil pelo autoproclamado governo de Juan Guaidó, opositor que tentou, sem sucesso, derrubar o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Veja as declarações de Bolsonaro sobre as meninas venezuelanas:

A repercussão começou no último sábado, 15, quando viralizou nas redes sociais uma entrevista de Bolsonaro a um podcast na sexta-feira, 14.

Na entrevista, Bolsonaro contou que estava de moto andando em uma região administrativa do Distrito Federal e encontrou meninas venezuelanas em uma casa. Ele disse que “pintou um clima” e, por conta disso, decidiu entrar:

“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto […] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas… Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, afirmou o presidente.

A declaração de Bolsonaro gerou repercussão negativa nas redes sociais e, na sequência, na campanha eleitoral. Na esteira da entrevista dada ao podcast, viralizou uma outra fala do presidente, dessa vez em entrevista dada no dia 12 de setembro.

Naquela ocasião, ele falou a mesma história, e disse que as meninas se arrumavam para “fazer programa”.

“Todas muito bem arrumadas. Tinham tomado banho. Estavam fazendo o cabelo. Venezuelanas. Estavam se arrumando para quê? Alguém tem ideia? Quer que eu fale? Vou falar. Para fazer programa. Acha que elas queriam fazer isso? Qual é a fonte de sobrevivência delas? Essa”, repetiu.

Sob o impacto negativo, Bolsonaro foi atrás da justificativa. Em uma live no último domingo, 16, antes de um debate na TV contra seu rival no segundo turno, o ex-presidente Lula, ele falou:

“Fiz uma live de dentro da casa das meninas que estavam se arrumando num sábado de manhã, em plena Covid. Não iriam para festinha. Iriam para onde? Deixei claro que a conclusão cabia a cada um que estivesse me vendo naquela live”, justificou.

Um pouco mais tarde, em entrevista no debate, Bolsonaro falou que as jovens venezuelanas estavam em uma situação em que até se poderia prever que elas iriam se prostituir, no entanto que nada ficou provado.

“Não ficou claro da minha parte isso lá. Elas estavam em um situação que você poderia até prever isso. Mas nada taxativamente foi falado tocante a isso aí. Olha, logo depois, a ministra Damares esteve lá, conversou com as meninas. Não tinha nada de prostituição. Você poderia ter ilações sobre muita coisa, mas entre afirmação e ilação, há uma diferença muito grande”, disse.

O novo vídeo

No vídeo gravado ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro, Bolsonaro fala que a intenção dele era evitar “qualquer tipo de exploração” de vulneráveis.

“As palavras que eu disse refletiram uma preocupação da minha parte no sentido de evitar qualquer tipo de exploração de mulheres que estavam vulneráveis. A dúvida e a preocupação levantadas foram quase que imediatamente esclarecidas à época pela nossa ministra da Mulher, Damares Alves, que foi ao local e constatou que as mulheres citadas na live eram trabalhadoras”, falou o presidente.

Na sequência, ele alegou que as palavras dele foram “por má-fé tiradas do contexto”. Bolsonaro pediu desculpas, caso as declarações tenham ofendido alguém ou provocado “algum constrangimento às nossas irmãs venezuelanas”.

“Se as minhas palavras que, por má-fé foram tiradas de contexto, de alguma forma foram mal-entendidas ou provocaram algum constrangimento às nossas irmãs venezuelanas, peço desculpas, já que meu compromisso sempre foi o de melhor acolher e atender a todos que fogem de ditaduras pelo mundo”, prosseguiu Bolsonaro.