‘Meu filho brinca de panelinha’: mãe desabafa sobre igualdade
Os estereótipos de “masculino” e “feminino”, ou seja, os comportamentos sociais a que a Psicologia chama de “papéis de gênero” são construídos social e historicamente, e estão introjetados em nossa mentalidade mais do que gostaríamos – prova disso é este experimento, realizado pela BBC britânica.
Por isso, desconstruir alguns desses paradigmas requer esforço e revisões constantes em nosso modo de agir e pensar. Com a educação dos pequenos, não seria diferente. É só pensar, por exemplo, em como a publicidade induz ao consumo de determinados brinquedos ou roupas, rotuladas como “para meninos” ou “para meninas”: a quem servem essas definições? Diante disso, cada vez mais a Psicologia Infantil, a Antropologia e até a ONU – que estabeleceu a “igualdade de gênero” como um de seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – consideram tais rótulos como limitantes e prejudiciais para o desenvolvimento infantil.
A professora e linguista Danyelle de Oliveira Santos, do Quartinho da Dany, publicou ontem em seu Facebook um relato sobre como é educar um menino em tempos de diluição de verdades absolutas. Consciente de que muitas famílias são discriminadas ao acreditar em uma educação fluida quanto aos papeis de gênero das crianças, resolveu escrever um texto para lembrar que essas famílias buscam apenas uma coisa: a igualdade entre meninos e meninas.
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https://www.facebook.com/quartinhodadany/posts/1281569235286244
“Quando meu filho menino brinca de panelinha, ele está quebrando estereótipos que fizeram muita mulher sofrer sendo sobrecarregada. Ele não sabe, mas ele pode ser uma mudança no mundo”, escreveu a blogueira.
Leia o relato na íntegra:
“Quando meu filho menino brinca de panelinha, ele está aprendendo que cozinha também é seu lugar e que é seu dever cozinhar seu próprio alimento.
Quando meu filho menino brinca de panelinha, ele está descobrindo que não existe brinquedo de menino ou menina. Meninas e meninos podem brincar do que quiserem.
Quando meu filho menino brinca de panelinha, ele está percebendo que, se um dia ele tiver uma companheira, ele deve estar junto na cozinha, pois uma futura companheira vai dividir com ele uma vida e, sendo assim, ela não está sendo criada pra serví-lo. Ambos deverão cuidar juntos dos afazeres domésticos.
Quando meu filho menino brinca de panelinha, ele está quebrando estereótipos que fizeram muita mulher sofrer sendo sobrecarregada. Ele não sabe, mas ele pode ser uma mudança no mundo.
Quando meu filho menino brinca de panelinha, ele está aprendendo que não precisa ser escravo da indústria alimentícia e que ele pode comer muito melhor se assumir a responsabilidade pelo preparo da própria refeição.
Quando meu filho menino brinca de panelinha, ele está sendo livre. Livre de estereótipos e preconceitos.
Quando meu filho menino brinca de panelinha, ele está dando um olé no machismo e se abrindo pra um mundo novo.”
Nos comentários do post, dezenas de mães manifestaram seu apoio ao posicionamento de Danyelle, contando como seus filhos brincam livremente com elementos considerados do universo da menina, como vassoura, casinha e boneca.
“Quando me perguntam se eu não tenho medo, eu respondo que tenho medo sim, que ele cozinhe tão bem quanto o pai”, disse uma das seguidoras, mãe de um menino de um ano e sete meses. “Como mães estamos fazendo a nossa parte em construir uma sociedade menos machista”, defendeu outra mãe.
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