‘Meu filho não sabe brincar sozinho’: o que isso pode significar?
Do nosso parceiro Milc – Movimento Infância Livre de Consumo
Saber o que é melhor para os filhos nem sempre é sinônimo de fazer, de fato, o que é melhor para os filhos. A realidade de muitas famílias impede pais e mães de colocarem em prática tudo o que gostariam.
Quando o assunto é brincar, muitas contradições se impõem. Como seguir a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria de evitar qualquer contato com telas até os dois anos, quando o trabalho dos pais obriga a longas jornadas e pouco tempo com os pequenos?
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Para problematizar essas e outras questões, a publicitária Mariana Sá, cofundadora do Milc (Movimento Infância Livre de Consumo), escreveu um texto sobre o assunto, “Meu filho não sabe brincar sozinho“.
Afinal, se nossos filhos precisam sempre da mediação de um brinquedo, um tablet, ou um adulto, o que isso diz sobre nós? Por que as crianças de hoje têm cada vez mais dificuldade de focar a atenção naquilo que estão fazendo?
No texto, Mariana fala sobre como alguns adultos passam a vida toda sem saber brincar, pois estão atarefados demais para isso.
“Ter um bebê em casa é uma oportunidade de reaprender a brincar e dedicar tempo a esta importante atividade, boa para o filho e para o adulto. Se dedicar a proporcionar que um bebê encontre o prazer de divertir-se e entreter-se sozinho é uma importante tarefa”, defende, referindo-se à tendência natural de lamentarmos a atual situação das coisas sem nos questionarmos sobre nosso comportamento diante delas.
“Inicialmente tendemos para o caminho mais fácil: fazer um bebê gostar de tevê é infinitamente mais fácil do que de ficar sozinho sem estímulo externo algum”, diz ela.
Mariana ressalta a importância de atentar para o impacto de pequenas atitudes e, casa, com a atenção de dedicar um tempo diariamente para brincar. É isso que vai contribuir para a criança desenvolver sua capacidade de se concentrar em uma tarefa só, e assim poder se distanciar o máximo possível dos hiperestímulos que tanto bombardeiam os pequenos.
“Com alguma dedicação diária, em pouco tempo, a capacidade e o prazer do bebê em brincar sozinho e de se concentrar numa mesma atividade por mais tempo vai crescendo; e se estiver diante de uma tela, nem a adulto, nem o bebê vão perceber isso. Carregará por muito tempo o estigma de ser uma criança que não sabe brincar e que não consegue se concentrar. E passará a infância sabendo se autocontrolar e manter-se quieto apenas diante de uma tela, alienando-se”, destaca.
Diante de tantas contradições e obstáculos, a sugestão de Mariana é investir em pequenas mudanças de atitude, como por exemplo, observar os interesses da criança e como eles vão mudando muito rapidamente conforme crescem. “Entre um e dois anos, tempo de concentração é mínimo, então a brincadeira precisa mudar, algo precisa entrar na roda para manter a concentração”, ressalta.
E, para evitar qualquer possível mal entendido típico de questões complexas e sensíveis como essa, Mariana termina o texto com uma pequena listinha de alertas:
“Eu disse neste texto:
– Bebês não precisam de tevê;
– Adultos precisam de tevê para que os bebês fiquem quietos;
– Bebês precisam de interação constante com gente para aprender a ser gente;
– Telas em geral, tevê em especial, causam prejuízos ao bebê a longo prazo;
– Adultos podem se divertir proporcionando uma vida sem telas.Eu não disse neste texto:
– Que os bebês que assistem tevê vão morrer;
– Que assistir tevê uma vez ou outra vai prejudicar o bebê para sempre;
– Que eu acredito que serei capaz de salvar alguém;
– Que quem não consegue cuidar da casa sem recorrer a telas é uma mãe ruim;
– É melhor um adulto estressado gritando com o bebê do que o bebê estar diante da tela (na verdade é melhor um adulto que sente prazer ao interagir com o bebê, mas sei que nem sempre isso é possível);
– Adultos precisam sofrer para entreter o bebê.”
Clique aqui para ler o texto na íntegra.
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