Campanha quer levar água potável a comunidade quilombola
No Maranhão, 800 famílias cuidam da natureza e resistem gerando renda e saber popular; veja como ajudar
Anacleta Pires da Silva é trabalhadora rural, descendente de povos escravizados e quilombola. Aos 51 anos, a defensora popular dos Direitos Humanos e Ambientais vive ao lado de outras 800 famílias na comunidade Santa Rosa dos Pretos, no interior do Maranhão.
Sua trajetória em busca de água, trabalho e alimentação na região começou desde a infância. “O que me motivou a lutar pelo quilombo é difícil de explicar, porque vem de um sentimento. Aos 7 anos, comecei a ter vontade de estudar. Essa era a minha maior inspiração. Eu via a situação da minha mãe e do meu pai, que eram analfabetos, embora grandes sábios, mas eu queria estudar e trabalhar em prol do meu povo. Estudar era uma necessidade para lutar”, afirma Anacleta.
Situada entre os municípios de Santa Rita e Itapecuru-Mirim, Santa Rosa dos Pretos é uma comunidade quilombola localizada à beira da BR 135 que atravessa o Brasil até chegar a Belo Horizonte. Além de espaço de resistência cultural, o local lida com a falta de água enquanto procura sobreviver de seus saberes populares e resistir à duplicação da rodovia nos próximos meses, que ameaça tirar muitas casas da região.
A comunidade sobrevive por meio da agricultura familiar, através do cultivo de mandioca, feijão, milho, hortaliças e também multiplica seus recursos com a pesca sustentável, confecção de cestas de palha, tambores, toalhas de renda, entre outros.
Desde sua fundação, a comunidade convive diariamente com o desabastecimento de água e os moradores precisam ir até a cidade vizinha uma vez ao dia para pegar água que baste para cozinhar, tomar banho, lavar roupas e beber. É isto ou esperar chover.
Para reverter esta situação, o grupo está organizando junto a articuladores sociais de São Paulo e Belo Horizonte, uma campanha de financiamento coletivo para a construção de 15 poços de água com o objetivo de atender 9 comunidades da região, sendo que em 6 delas não há nenhuma fonte local.
A campanha quer arrecadar R$ 130 mil em quase dois meses e contempla todo tipo de apoio, distribuindo recompensas para todos aqueles que desejem ajudar a regar Santa Rosa dos Pretos.
Entre as recompensas estão ilustrações autorais de artistas parceiros desenvolvidas especialmente para o projeto, DVDs e adesivos, toalhas de ponto cruz, bonecas típicas e cofos de palha produzidas por mulheres do quilombo, entre outras. Para colaborar e descobrir quais as 9 comunidades serão impactadas pelos 15 poços criados pelo projeto, clique neste link.