Casa Guilherme de Almeida promove Encontro de Tradutores
O Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida promove de 30 de setembro a 3 de outubro a primeira edição do “Transfusão” – Encontro de Tradutores da Casa Guilherme de Almeida.
A data escolhida para a abertura do evento foi 30 de setembro, por ser o dia em que se comemora internacionalmente o Dia dos Tradutores, cujo padroeiro é São Jerônimo. A curadoria é de Marcelo Tápia e Simone Homem de Mello.
Durante quatro dias a Casa Guilherme de Almeida receberá escritores, tradutores e pesquisadores para refletirem sobre o ato da tradução como criação literária. O evento destaca a obra de tradutores brasileiros que, além de terem contribuído para a ampliação do repertório cultural do país com suas concepções acerca da tarefa do tradutor, também estabeleceram vertentes de discussão e de inovação, além de promoverem a consolidação de procedimentos tradutórios.
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O Encontro reunirá nomes importantes da literatura, da poesia, da tradução e do meio acadêmico, como Augusto de Campos, Aurora Bernardini, Lucia Santaella, Nelson Ascher, Trajano Vieira, João Ângelo Oliva Neto, John Milton e o espanhol Joaquim Mallafré.
Confira a programação completa
Dia 30 de setembro
18h30 – Recepção dos inscritos
19h – Abertura do Encontro
Por Clóvis Carvalho, diretor executivo da Org. Social de Cultura POIESIS
Breve apresentação do Centro de Estudos de Tradução Literária e do
I Encontro de Tradutores da Casa Guilherme de Almeida
Por Marcelo Tápia, diretor da Casa Guilherme de Almeida
19h20 – Apresentação musical
CANTO GREGORIANO
Pelo Coro do Mosteiro de São Bento
20h – Mesa-redonda
JERÔNIMO TRADUTOR
Por Érico Nogueira e D. Afonso Maria Lima Correia
A atividade de Jerônimo de Strídon como tradutor da Bíblia do grego antigo e do hebraico para o latim, bem como questões tradutórias imanentes à sua versão do texto bíblico, a Vulgata, serão tema de uma mesa-redonda no Dia Internacional do Tradutor, celebrado na data da morte do santo cristão.
20h45 – Recital
POESIA TRADUZIDA INÉDITA
Com Álvaro Faleiros, André Vallias, Claudio Daniel, Dirceu Villa, Michel Sleiman, Nelson Ascher e Simone Homem de Mello
Tradutores de poesia de diversas línguas lerão trabalhos ainda não publicados. A ideia do recital é revelar a diversidade de dicções e apresentar aspectos do processo de criação dos tradutores, além de divulgar projetos de tradução literária em andamento.
21h15 – Apresentação
MÚSICA E POESIA GREGAS
Por Marcelo Tápia e músicos convidados
Arquíloco, Eurípides e Safo serão alguns dos autores gregos evocados nesta breve apresentação literomusical.
Dia 1º de outubro
10h30 – Palestra
POESIA EM TRADUÇÃO
Por Nelson Ascher
A especificidade da tradução de poesia e os desafios impostos à recriação poética são tema de uma palestra sobre abordagens teóricas e procedimentos relativos a essa atividade.
14h – Palestra
ODORICO MENDES: “PATRIARCA DA TRADUÇÃO CRIATIVA”
Por Paulo Sérgio Vasconcellos
Tradutor da épica greco-latina para o português, o maranhense Odorico Mendes (1799 – 1864) inaugurou, no país – com Eneida Brasileira (1854) e Virgílio Brasileiro (1858) – obra que reuniu suas traduções anotadas da Eneida, das Bucólicas e das Geórgicas, e com suas recriações da Ilíada e da Odisseia, de Homero, publicadas em 1874 e 1928 – uma vertente de tradução como recriação poética. A palestra abordará a contribuição de Odorico Mendes ao que se considera, hoje, uma tradição inovadora na tradução de poesia no Brasil.
16h – Mesa-redonda
AUGUSTO DE CAMPOS E A “TRADUÇÃO-ARTE”
Com André Vallias, Aurora Bernardini e Lucia Santaella
O poeta Augusto de Campos – coinventor da Poesia Concreta em âmbito internacional, ao lado de Décio Pignatari e Haroldo de Campos, no grupo Noigandres – contribuiu para uma significativa ampliação do repertório poético em língua portuguesa, por meio de suas traduções de diversos idiomas, como o provençal, o inglês, o alemão, o francês e o russo. Sua concepção e sua prática da “tradução-arte”, uma referência fundamental para as últimas gerações de tradutores brasileiros de poesia, serão abordadas em uma mesa-redonda com poetas e pesquisadores.
19h – Recital
POESIA ESTRANGEIRA VIA AUGUSTO DE CAMPOS
Por Augusto de Campos e Cid Campos, Carlos Rennó, Frederico Barbosa, Ivan de Campos, João Bandeira, Marcelo Tápia e Simone Homem de Mello
Um espetáculo literomusical de poemas traduzidos por Augusto de Campos – com participação do próprio poeta, do músico Cid Campos e de convidados – apresentará uma amostragem de sua obra tradutória.
Dia 2 de outubro
10h30 – Mesa-redonda
PROSA EM TRADUÇÃO: REFLEXÕES
Por Alzira Allegro e Stella Tagnin
A mesa abordará a especificidade da tradução de contos, resgatando aspectos teóricos, reflexões de contistas a respeito de suas próprias criações e procedimentos específicos da tradução desse gênero narrativo.
14h – Mesa-redonda
GUILHERME DE ALMEIDA, RECRIADOR
Com Álvaro Faleiros, Marcelo Tápia e Roberto Zular
O poeta modernista Guilherme de Almeida destacou-se, em sua atividade literária, como autor de extenso conjunto de traduções de poesia, além de ter incursionado na tradução de prosa e de drama. Tradutor da Antígone, de Sófocles, e divulgador da poesia francesa no país, publicou obras hoje consideradas referenciais: Poetas de França, Paralelamente a Paul Verlaine e Flores das “Flores do mal” de Baudelaire. Sua reflexão sobre a atividade tradutória como “recriação”, um ato de inventividade interlingual que ele também qualificava como “transfusão”, será objeto de discussão entre poetas e pesquisadores.
16h – Mesa-redonda
HAROLDO DE CAMPOS, TRANSCRIADOR
Por Marcelo Tápia e Trajano Vieira
Com suas traduções de poesia, que abrangem da Bíblia à poesia simbolista francesa, da Ilíada de Homero à vanguarda moderna alemã, do teatro Nô japonês a Octavio Paz, entre outros autores e textos traduzidos de diversas línguas e épocas, Haroldo de Campos inscreveu-se na tradução literária brasileira como uma referência fundamental. A fala inicial abordará brevemente o conceito de “transcriação” conforme se apresenta na obra teórica e tradutória de Haroldo de Campos, e a segunda tratará mais especificamente de sua tradução da Ilíada.
19h – Recital
GALÁXIA BABÉLICA
Com Carlos Fernando Nogueira, Christopher Mack, Francesca Cricelli, Ivan de Campos, Jorge Schwartz e Simone Homem de Mello.
As traduções para diversos idiomas da prosa poética de Galáxias (1984), de Haroldo de Campos, comporão um recital multilíngue. Num espetáculo de diversas vozes, serão lidos fragmentos desse livro-poema em português, espanhol, francês, italiano, inglês e alemão.
Dia 3 de outubro
10h30 – Mesa-redonda
DIREITOS AUTORAIS DO TRADUTOR: A LEGISLAÇÃO E A PRÁTICA EDITORIAL
Com Cide Piquet, Heloísa Barbosa, Nancy Rozenschan e Patrícia Luciane de Carvalho. Em um debate sobre o contexto editorial, jurídico e trabalhista da profissão do tradutor literário, os participantes da mesa abordarão as implicações legais do reconhecimento da atividade tradutória como autoria.
14h – Mesa-redonda
CARLOS ALBERTO NUNES, DE HOMERO A SHAKESPEARE
Com João Ângelo Oliva e John Milton
Com suas traduções da Ilíada e da Odisseia, de Homero, dos Diálogos, de Platão, e da Eneida de Virgílio, além da obra dramática completa de William Shakespeare, entre outros textos da literatura universal, Carlos Alberto Nunes contribuiu para a formação de um cânon de clássicos em língua portuguesa. Rigor formal, domínio da versificação e fluidez textual são alguns dos atributos deste tradutor a serem discutidos por estudiosos de sua obra.
16h – Mesa-redonda
TRADUZIR JAMES JOYCE
Com Caetano Galindo, Donaldo Schüler e Maria Teresa Quirino
A obra do escritor irlandês James Joyce requer, por seu alto grau de inventividade, uma intervenção mais evidente do tradutor como recriador da obra literária. Donaldo Schüler, tradutor de Finnegans wake para o português, e Caetano Galindo, autor de uma nova tradução de Ulysses a ser publicada em breve, discutirão os desafios impostos pelas obras mais complexas de Joyce.
19h – Palestra
JAMES JOYCE EM CATALÃO: UM MÉTODO TRADUTÓRIO
Por Joaquim Mallafré e Maria Teresa Quirino
Segunda-feira, 3 de outubro, às 19h
O tradutor Joaquim Mallafré, de Terragona (Catalunha), exporá os procedimentos adotados em suas traduções de James Joyce. Para criar um universo literário análogo ao do escritor irlandês em língua catalã, Mallafré criou um sistema próprio de tradução, a ser tematizado nesta palestra.