Casal gay atacado em Birigui (SP) registrou BO contra mulher homofóbica

Eles registraram o crime via internet, mas pretendem dar continuidade na denúncia para que ela seja investigada pela polícia

O casal gay que sofreu ataques homofóbicos de uma mulher dentro de um estabelecimento em Birigui (SP) na última sexta-feira, 25, disse que o sentimento é de revolta e humilhação em relação a situação.

Casal gay atacado em Birigui (SP) registrou BO contra mulher homofóbica
Créditos: Reprodução/TV Globo
Casal gay atacado em Birigui (SP) registrou BO contra mulher homofóbica

Guilherme Franceschini Simoso, uma das vítimas, contou em entrevista ao portal G1, que estava na clínica veterinária com o seu namorado, Eric Cordeiro Cavaca, quando a mulher entrou no local, sem usar máscaras de proteção contra a Covid-19, escutando músicas religiosas.

“Ela disse para os funcionários que não acreditava no coronavírus. Nós estávamos mexendo no celular e não demos bola. Mas ela passou a falar mal das universidades federais e foi se aproximando de nós”, disse Guilherme, de 23 anos.

“Ela disse que tinha virado moda ser gay e continuou com as agressões. Meu namorado a questionou sobre fato de ela ter algo contra os homossexuais e a alertou que era crime”, relatou Guilherme.

Ao perceber que a mulher estava se exaltando e se aproximando, eles decidiram gravar a situação pela celular com o objetivo de ter provas caso fossem vítimas de agressões físicas.

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Começou a circular nesta segunda-feira, 28, o vídeo de uma mulher que vestia a camiseta escrito “fé” atacando diretamente um casal gay dentro um petshop em Birigui, interior de São Paulo. ⠀ ⠀ A senhora sem identificação ainda, chegou a afirmar que o relacionamento homoafetivo das vítimas “não é de Deus”. ⠀ Poxa, alguém avisa pra essa mulher que homofobia é crime? ⠀ ⠀ ⠀

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Guilherme ainda diz que assim que ela pediu para eles saírem do local, na sequência ela destilou mais ódio. “Ela ameaçou a gente e pediu para irmos para fora. Em seguida, disse que estava escrito na Bíblia que nós seriamos queimados, que Jesus estava voltando e nos exterminaria”.

“Foi uma situação humilhante, degradante e revoltante. Ninguém tem que passar por isso. Ninguém está pedindo para que ela ame a comunidade LBGT, mas o direito dela termina quando começa o meu”, ressalta a vítima.

O casal decidiu registrar um boletim de ocorrência pela internet assim que saíram do estabelecimento, e segundo eles, vão continuar com a denúncia para que a mulher seja investigada pelo crime. O caso será investigado pelo 1º Distrito Policial de Birigui (SP).

A mulher começou a receber diversas mensagens nas redes sociais e desativou uma das suas contas no Facebook. Não há notícias dela desde o ocorrido.

Ela poderia ser presa?

Conversamos com Ednardo Mota, advogado criminalista e especialista em Direito Penal, Processo Penal e Criminologia formado pela UERJ, para entender para entender melhor como poderia proceder esse caso juridicamente.

Ednardo explica que o crime de injúria consiste na ofensa à honra ou dignidade de alguém e tem a pena de 1 a 3 meses de detenção ou multa, previsto no artigo 140 do Código Penal.

“Quando praticado com a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, identidade de gênero, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, o crime é qualificado, a pena é mais alta e a ação penal deixa de ser privada e se torna pública, condicionada à representação da vítima”, disse.

De acordo com Mota, a mulher poderia ter sido presa em flagrante delito e ter sido conduzida à delegacia de polícia civil para registro de ocorrência pela suposta prática, em tese, do crime de injúria preconceituosa, qualificada do delito de injúria, prevista no artigo 140, § 3° do Código Penal, com pena de 1 a 3 anos de reclusão e multa.

De acordo com Ednardo, as agressões verbais feitas pela mulher no vídeo são nitidamente ofensas homofóbicas, em razão de se dirigirem à orientação sexual das vítimas. Assim, não configuram apenas crimes de injúria simples, mas atraem a aplicação de sua forma qualificada, a injúria racial do artigo 140, § 3° do Código Penal.

Entenda como funciona o processo penal que poderia levar alguém a ser preso por cometer o crime de homofobia clicando aqui.