Caso de jovem negro estuprado por policial gera revolta na França

Um jovem negro de 22 anos foi vítima de uma grave agressão sexual por parte de policiais em Aulnay-sous-Bois, na França. O caso repercutiu na mídia, fazendo com que uma onda de protestos eclodisse pela cidade e nas redes sociais com a hashtag #JusticePourTheo (Justiça Para Théo, em francês).

No dia 2 de fevereiro, quatro policiais abordaram Théo e o revistaram contra o muro. De acordo com o relato do rapaz, os homens agrediram-no fisicamente e verbalmente sem motivo. Em meio a cuspes e insultos racistas, um deles o levou a um canto mais reservado e o estuprou com um cassetete. As cenas foram registradas por uma câmera de vigilância.

O caso foi registrado por câmeras de vigilância do local

Em seguida, os policiais colocaram o jovem dentro da viatura e levaram-no até a delegacia, onde outros profissionais apontaram que Théo deveria ser encaminhado ao hospital. Depois de passar por cirurgias, o rapaz permanece internado com ferimentos graves e ficará 60 dias afastado do trabalho.

A comoção com o acontecimento foi mundial, causando diversas manifestações na França nos últimos dias. Por três noites consecutivas, Aulnay-sous-Bois e outras regiões se tornaram palcos de confrontos, com carros, pontos de ônibus e restaurantes vandalizados. Os manifestantes pediam o fim da violência policial no país, com gritos como “sem justiça, não há paz” e “polícia, estupradores e assassinos”.

Na internet a hashtag #JusticePourTheo tomou conta do Twitter com mensagens – em diversas línguas – mostrando apoio ao jovem e indignação em relação ao caso.

Ao lado do presidente François Hollande, que o visitou no centro médico, ele deu uma entrevista para a televisão francesa em que relata o acontecimento e pede paz aos habitantes de sua cidade natal. “Minha cidade, vocês sabem que eu a amo muito. Eu gostaria de encontrá-la da mesma maneira que a deixei, por favor”, desabafou. Théo ainda mostrou sua confiança no sistema francês e completou: “Vamos ficar unidos. Eu confio na justiça e ela será feita. Parem com a guerra, rezem por mim”.

Os quatro policiais envolvidos no crime foram suspensos. Um deles foi acusado por estupro, enquanto os outros por violência voluntária.

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