Chacina em presídio no Pará é a maior desde o Carandiru

A rebelião em Altamira deixou 57 detentos mortos, entre eles 16 decapitados

30/07/2019 11:19 / Atualizado em 11/09/2019 12:12

Em dois anos e meio, o país teve 227 vítimas fatais em massacres nos presídios
Em dois anos e meio, o país teve 227 vítimas fatais em massacres nos presídios - Wilson Dias/Agência Brasil

Uma rebelião no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no sudoeste do Pará, deixou 57 detentos mortos, entre eles 16 decapitados, na manhã desta segunda-feira, 29, de acordo com informações da Susipe (Superintendência do Sistema Penitenciário do estado).

Segundo o jornal O Globo, o massacre é o maior ocorrido em um mesmo presídio desde o Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram assassinados, e o quinto com alta letalidade registrado no sistema prisional brasileiro desde janeiro de 2017 — em dois anos e meio, o país teve 227 vítimas fatais. O caso mais recente aconteceu em unidades prisionais de Manaus, em maio, e deixou 55 mortos.

O massacre no Carandiru, em 1992, teve 111 presos assassinados
O massacre no Carandiru, em 1992, teve 111 presos assassinados - Arquivo

O ocorrido em Altamira teve início por causa de uma briga entre facções criminosas rivais. Dois agentes penitenciários foram mantidos reféns e liberados após negociação envolvendo policiais civis e miliares e promotores de Justiça. Vídeos feitos por detentos antes do fim da rebelião mostram cabeças de detentos sendo jogadas no chão em uma das alas do presídio.

“Tratou-se de uma guerra de facções. Em Altamira, há uma facção local chamada Comando Classe A (CCA) e que divide o presídio com integrantes do Comando Vermelho, e que foram esses vítimas desse ato praticado pelos integrantes da organização criminosa CCA”, disse o secretário extraordinário para assuntos penitenciários, Jarbas Vasconcelos.

Ainda segundo o secretário, o presídio estava com 311 presos, 11 a mais do que sua capacidade. A organização CCA recentemente tornou-se aliada ao PCC (Primeiro Comando da Capital), que disputa com o Comando Vermelho a liderança dos presídios brasileiros.

Providências

Após a rebelião, o governo do Pará determinou a transferência de 46 detentos suspeitos de participação no massacre. Deste número, 10 líderes de facções irão para um presídio federal, em vagas oferecidas pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Os outros serão distribuídos em unidades do estado.