‘Chega de mimimi. Vão ficar chorando até quando?’, diz Bolsonaro
No dia seguinte que o país registrou 1910 mortes pela covid-19, o presidente ainda chamou governadores de 'idiota'
“Chega de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”, disparou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), durante agenda em São Simão (GO), no início da tarde desta quinta-feira, 4. Ele voltou a criticar governadores e prefeitos, devido a decretos estaduais que estabelecem medidas como fechamento do comércio e restrição da circulação de pessoas, para conter a disseminação da covid-19.
“Impuseram estado de sítio no Brasil via prefeituras. Isso está errado. Estamos preocupados com mortes, sim, mas sem pânico. A vida continua”, disse Bolsonaro. “Os problemas a gente tem que enfrentar, não adianta ir para baixo da cama. Se todo mundo for ficar em casa, vai morrer todo mundo de fome”, disse o presidente ao elogiar trabalhadores rurais por não terem ficado em casa.
“Vocês [produtores rurais] não ficaram em casa, não se acovardaram. E nós temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, e aqueles que têm doenças, comorbidades. Mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, disse Bolsonaro.
- 64 sites que oferecem cursos gratuitos online com certificado
- SP: Conta de luz ficará mais cara mesmo com redução aprovada; entenda
- Entenda o que é a hepatite A que preocupa após enchentes no RS
- Fim do Remessa Conforme? Lula se posiciona sobre isenção em compras online
“Sempre disse: vamos cuidar da questão do vírus e do desemprego. São dois problemas que temos que tratar com a mesma responsabilidade e de forma simultânea. Lamentamos qualquer morte no Brasil”, prosseguiu Bolsonaro.
Ontem, o país registrou 1.910 óbitos causados pela covid-19, o maior número desde o início da pandemia, segundo balanço divulgado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Foram registradas 71.704 novas infecções de coronavírus. No total, o Brasil já perdeu 259.271 vidas para a doença e 10.718.630 contaminados registrados, isso sem falar naqueles que tiveram a doença e não foram testados.
Horas antes de cumprir sua agenda em São Simão, para inauguração de trecho da Ferrovia Norte-Sul, Bolsonaro passou rapidamente por Uberlândia (MG). No aeroporto da cidade mineira, o presidente cumprimentou apoiadores em meio a aglomeração e reclamou da pressão pela compra de vacinas.
Bolsonaro criticou a iniciativa dos governadores e prefeitos de comprar doses de vacina, já que o governo federal não compra. “Tem idiota que diz ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe. Não tem para vender no mundo”, disse o presidente alegando que as fabricantes não tem imunizantes para vender.
Bolsonaro ainda falou sobre a medida vetada por ele, que permitia que estados comprassem as doses e posteriormente fossem reembolsados pela União. “Alguns governadores queriam direito a comprar vacina e quem iria pagar? Eu! Onde tiver vacina para comprar, nós vamos comprar”.
Essa, porém, não é a realidade, Pfizer e Johnson & Johnson tentam a meses fechar contrato de venda com o governo brasileiro, ou até mesmo com a farmacêutica Moderna, que acaba de vender 150 milhões de doses que serão enviadas entre julho e setembro para a União Europeia.
Além disso, o Ministério da Saúde ignorou três ofícios enviados pelo instituto em 2020, oferecendo doses de vacina contra covid-19 ao governo federal. Os três documentos, que ficaram sem resposta, foram enviados em julho, agosto e outubro do ano passado.
Neles, o Butantan ofertou ao governo federal a compra de 60 milhões de doses da vacina CoronaVac para entrega ainda em 2020 e de outras 100 milhões para entrega em 2021. Depois, o instituto mandou mais dois comunicados ao ministério, em dezembro e em fevereiro. Não houve resposta por parte do governo federal.