Cláudia Abreu quebra silêncio e desabafa sobre João de Deus

"Levei minha filha e não me canso de pensar que poderíamos ter sido vítimas também, caso eu não fosse conhecida", relatou a atriz

Cláudia Abreu falou sobre o médium pela primeira vez
Créditos: Reprodução / Instagram
Cláudia Abreu falou sobre o médium pela primeira vez

A atriz Cláudia Abreu não costuma publicar muitas declarações nas redes sociais, mas decidiu quebrar o silêncio e desabafar no Instagram sobre as denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus. Ela frequentou o centro espírita em Abadiânia, Goiás, quando a filha tinha 13 anos.

“Nem sei por onde começar. Sempre fui arredia às redes sociais, não tenho o hábito de postar muito sobre a minha vida cotidiana, nem de me posicionar sobre tudo a todo momento. Mas não posso deixar de falar sobre assédio”, disse a artista no início do texto.

Cláudia afirma que demorou para digerir a decepção que teve com João de Deus. Ela foi ao local duas vezes e contou ter sido bem recebida pelo médium, por sua família e equipe. “Nunca fui totalmente crédula, mas como presenciei cirurgias feitas diante de todos, com cortes feitos na hora e sem dor, foi difícil não acreditar em algum poder mediúnico”, continuou.

A atriz chegou a participar de cirurgias feitas pelo médium, pois, segundo ela, pessoas famosas eram chamadas para segurar os instrumentos diante de uma multidão. “Levei minha filha e não me canso de pensar que poderíamos ter sido vítimas também, caso eu não fosse conhecida”, desabafou. “Isso me estarreceu. Porque isso toca num lugar muito mais profundo, que é a descrença no ser humano, na bondade, na caridade.”

“Lá ficávamos todos vulneráveis. Ao mesmo tempo, isso me obrigava a legitimar alguém que eu mal conhecia. Refletindo sobre esse meu desconforto, pensei nas inúmeras mulheres fragilizadas que foram convidadas a ir pra uma sala fechada e também foram obrigadas a fazer algo que não queriam”, relatou.

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Nem sei por onde começar. Sempre fui arredia às redes sociais, não tenho o hábito de postar muito sobre a minha vida cotidiana, nem de me posicionar sobre tudo a todo momento. Mas não posso deixar de falar sobre assédio. Demorei um tempo pra digerir a decepção que tive com João de Deus. Fui à Abadiânia duas vezes, fui bem recebida por ele, por sua família e sua equipe. Nunca fui totalmente crédula, mas como presenciei cirurgias feitas diante de todos, com cortes feitos na hora e sem dor, foi difícil não acreditar em algum poder mediúnico. Mesmo assim, é preciso estar sempre alerta aos sinais da sua intuição. Pessoas famosas eram sempre chamadas pra segurar os instrumentos das cirurgias diante de uma multidão. Fui convidada duas vezes e fui contrariada, pois era delicado dizer não. Lá ficávamos todos vulneráveis. Ao mesmo tempo, isso me obrigava a legitimar alguém que eu mal conhecia. Refletindo sobre esse meu desconforto, pensei nas inúmeras mulheres fragilizadas que foram convidadas a ir pra uma sala fechada e também foram obrigadas a fazer algo que não queriam. Levei minha filha, então com treze anos, e não me canso de pensar que poderíamos ter sido vítimas também, caso eu não fosse conhecida. Isso me estarreceu. Porque isso toca num lugar muito mais profundo, que é a descrença no ser humano, na bondade, na caridade. Muito triste.

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Depoimentos

Mais de 600 mulheres já procuraram o Ministério Público de Goiás para denunciar João de Deus por abuso sexual na Casa Dom Inácio de Loyola, centro espírita que mantém desde os anos 1970 em Abadiânia. Ele está preso e aguarda julgamento. Nesta quarta-feira, 26, o médium e sua esposa prestaram depoimento.