Com participações de Laerte e Tom Zé, Filarmônica de Pasárgada apresenta o videoclipe de ‘Fiu Fiu’

Com bom humor e protesto, banda chama atenção para a luta das mulheres e transgêneros

Por muito tempo “fiu fiu” foi considerado um tipo de “elogio” comum às mulheres nas ruas em diversas ocasiões. Sem graça e sem respeito não é mais, apenas ofende. Hoje é o nome da nova música da banda paulistana Filarmônica de Pasárgada, que na última quarta-feira lançou o clipe com jeito de curta-metragem e  que tem as ilustres participações da cartunista Laerte e do músico Tom Zé.

O videoclipe foi escrito, dirigido e coreografado pelo cineasta e amigo da banda Thiago Ricarte, que em 2012 havia dirigido outro projeto do grupo, com a música “O Seu Tipo”. No novo trabalho, o diretor conta como surgiu a concepção do vídeo de precisos 7’30 segundos, gravado em um antigo ponto de armazenamento e distribuição de carnes da capital paulista. “Quando soube onde seria locação veio aquele insight de criar um matadouro onírico, criar um ambiente meio assustador, hostil, como pano de fundo para falar sobre a opressão da mulher”.

Representante transgênero, Laerte foi convidada para ser protagonista do videoclipe

Daí surgiu a ideia de filmar as cenas de corte das carnes cruas, ossos e outros restos como metáfora para exploração das mulheres nos dias atuais. Em uma manifestação de arte-protesto bem humorada, ao ritmo do funk carioca, fagote e clarinete, surge as batidas do pancadão embalada pelos versos “Quando eu passo você olha, assobia faz fiu fiu. Toda dia, toda hora, vai pra puta que o pariu”. “Pensamos em encontrar uma forma de abrir o debate para todas essas questões, desde a misoginia à questão do gênero, mas sempre pautado pela crítica à violência contra a mulher”, explica Ricarte.

♂♀ Larte e Tom Zé ♀♂

Para transcender a questão do preconceito, a banda decidiu fazer um convite a dois importantes porta-vozes da liberdade. “São duas personalidades muito importantes em diversas pautas minoritárias, com histórico de luta por respeito às mulheres e transgêneros,  que não escondem seus posicionamentos e se fazem presente nesse embate”.

Os dois contracenam na última cena do clipe, quando Laerte caminha em direção ao banheiro feminino (referência ao episódio vivido pela cartunista em lanchonete de São Paulo) e encontra o lugar ocupado. Depois de algum tempo, Tom Zé abre a porta e deixa o banheiro, numa clara mensagem que busca transcender qualquer tipo de definição – seja delas ou deles. “Nossa ideia era abrir o campo de debate, trazer todos esses questionamentos a público. Já sentimos a repercussão, com muitas manifestações machistas, homofóbicas e opiniões pejorativas sobre tudo que apresentamos”, revela o cineasta.

*nenhum animal foi ferido ou morto durante a produção do videoclipe