Como campanhas usaram telefones em ‘disparos em massa’?

Serviços custam até R$ 1.300 e são facilmente encontrados e ensinados

20/10/2018 21:58

Campanhas usaram telefones em ‘disparos em massa’ do WhatsApp
Campanhas usaram telefones em ‘disparos em massa’ do WhatsApp - Anton/Pexel

Para ganhar eleitores, telefones de usuários do Facebook foram usados por campanhas em ‘disparos em massa’ no WhatsApp. As ferramentas custam até R$ 1.300 e são facilmente encontradas e ensinadas na internet, com ou sem nota fiscal, evitando rastros em prestações de conta.

As informações são da BBC. Segundo a reportagem, campanhas políticas obtiveram neste ano programas capazes de coletar os números de telefones de milhares de brasileiros no Facebook e utilizaram os dados para criar grupos e enviar mensagens em massa automaticamente no WhatsApp.

Existem muitos vídeos explicativos no YouTube e nos sites das empresas que oferecem esses serviços, acessíveis mesmo para quem não tem muita familiaridade com computadores. Vendedores de empresas de cosméticos e de nutrição eram os principais compradores desses aplicativos.

Os usuários que podem ter tido seu número de telefone “garimpado” por esses programas têm esse dado em configuração pública. Quem opera o programa escolhe o público-alvo no Facebook (por palavras-chave, páginas ou grupos públicos) e dá início à coleta dos dados em uma planilha.

É possível reunir quase mil telefones de usuários em menos de dez minutos e de dez cliques, já segmentados por curtidas na página de determinado candidato, gênero e cidade, e criar automaticamente grupos com até 256 pessoas cada a partir da lista dos telefones coletados.

Em geral, a criação dessas listas usa quatro estratégias: coleta de dados por meio de robôs, telefones informados voluntariamente por simpatizantes ou clientes, compra de bases de dados vendidas legalmente (como a da Serasa) ou furto de informações de empresas telefônicas.

Campanhas usaram telefones em ‘disparos em massa’ do WhatsApp
Campanhas usaram telefones em ‘disparos em massa’ do WhatsApp - iStock

A reportagem ouviu testemunhas que foram incluídas em grupos brasileiros de extrema-direita sem consentimento. Um marqueteiro também admitiu ter usado bancos de dados para criar grupos e também para disparos individuais.

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