Como foi o primeiro debate presidencial das Eleições de 2022

Lula e Bolsonaro se enfrentam diretamente pela primeira vez nesta eleição

Neste domingo, 28, aconteceu o primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República, realizado pela BandNews,  UOL, Folha de S.Paulo e TV Cultura

Como foi o primeiro debate entre os candidatos à Presidência?
Créditos: Reprodução/BandNews
Como foi o primeiro debate entre os candidatos à Presidência?

Participam do debate os 6 candidatos convidados. Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe D’Avila (Novo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

1º Bloco

No primeiro bloco os presidenciáveis responderam uma pergunta de um jornalista. Cada pergunta era feita para dois candidatos.

Simone Tebet e Bolsonaro foram perguntados como fazer pra acabar com o clima político de guerra no país.

Simone disse que Bolsonaro “ameaça a democracia e os três poderes a todo momento. Precisamos trocar o presidente da República”.  Ela finalizou dizendo que “sem paz, nós não vamos desenvolver o Brasil”.

Bolsonaro disse que quando assumiu escolheu seus ministros “por caráter técnico” e por isso, “eu abalei a harmonia, onde todos eram amiguinhos e davam uma banana ao povo brasileiro”.

Já Lula e Ciro foram perguntados sobre Educação. “Lamentavelmente a gente nao tem informação do MEC para saber quantas crianças estão com o grau de educação abaixo do que deveria estar. Nós temos no ensino médio uma quantidade de evasão escolar muito grande. Se eu ganhar, quero convocar uma reunião entre governadores e os prefeitos das capitais, para fazer um pacto pela educação.

Ciro relembrou que a Educação do Ceará, onde foi governador é hoje, uma das melhores do país. Eu vou fazer um esforço imenso pra resolver a Educação no Brasil, mas é preciso lembrar que os problemas da Educação não nasceram agora nós precisamos transformar a forma de ensinar, desenvolver o ensino emancipador e abdicar do ensino decorador, aquela decoreba”.

“Também é fundamente reestruturar o financiamento, se não será falsa toda e qualquer promessa de revolucionar a Educação do Brasil”, disse Ciro.

Depois da fase de jornalistas, os candidatos se enfrentaram diretamente.

Bolsonaro escolheu Lula para perguntar sobre corrupção na primeira rodada em que os candidatos se enfrentaram diretamente no debate.

O presidente disse que o povo nordestino sofreu com falta de agua por causa da corrupção do governo Lula. “O senhor quer voltar a ser presidente pra que?”, questionou Bolsonaro a Lula.

Lula respondeu que “citar números mentirosos não vale a pena na televisão” e ressaltou que “não teve um presidente da Republica “que fez mais pelo combate a corrupção mais do que o nosso governo”.

Bolsonaro comentou que o ex-ministro Antonio Palocci disse que o governo era todo aparelhado.  Ele disse que Lula recebia propina em dinheiro da mão de Palocci quando era presidente.

Lula disse que o governo dele foi o que fez a “Petrobrás chegar ao tamanho e posto internacional que chegou”. Ele disse que o governo dele fez “mais investimento na Educação revolucionando o ensino nesse país”.

Lula ainda lembrou que quando entrou para o governo, eram 3,5 milhões de pessoas nas universidades e quando saiu erma 8,5 de pessoas na universidade. Além de ter lembrado que “o menor desmatamento da Amazonia foi no meu governo”.

Ciro então foi perguntar para Bolsonaro. “Ontem você disse pura e simplesmente que no Brasil não tem fome. Qualquer pessoa que anda pelo Brasil vê pessoas pedindo comida das ruas. Qualquer um que não trocou o coração por uma pedra sabe que a fome está acometendo muitos brasileiros”.

Bolsonaro respondeu que “no mundo o numero de famílias na extrema pobreza aumentou, mas no brasil diminuiu, passou de 5 milhões para 4,9 milhões. Foi o meu governo que fez o auxilio emergencial, a redução do ICMS sobre a gasolina, um governo que pensa nos mais pobres”.

“Uma verdadeira aberração 133 milhões de brasileiro estão passando fome só uma de cada 4 crianças no brasil faz 3 refeições no dia”, comentou Ciro pedindo pras pessoas conhecerem a proposta dele de renda mínima que vai acabar com o uso político e demagógico da fome no Brasil.

Lula perguntou para o candidato do Novo, Felipe D’Avila sobre o que está acontecendo no Brasil quanto a questão ambiental.

Felipe respondeu que a retomada de desenvolvimento depende do Brasil acabar com emissão de carbono. Ele falou sobre expandir fontes de energia renovável. E falou que vai investir em sustentabilidade pra trazer investimento externo para o país. E garantiu que o agronegócio no Brasil é sustentável.

Lula comentou que há gente do governo que incentiva o desmatamento, citando Ricardo Salles. Ele ainda falou que  no seu governo houve a redução a emissão de gases em 80%.

2º Bloco

No segundo bloco, os candidatos começaram respondendo perguntas de jornalistas, com comentário de algum adversário.

O primeiro a ser questionado foi Bolsonaro, com o comentário de Lula. O presidente foi perguntado como fará pra manter programa de transferência de renda.

Quando respondeu, Bolsonaro disse que R$ 600,00 “se aproxima do mínimo necessário para a pessoa sobreviver” e vai manter o benefício daqui pra frente.

“A manutenção dos 600 nao está na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentarias, que definem o orçamento do país no ano seguinte”. Isso significa que é uma mentira que Bolsonaro vai manter os 600 reais. Tem 2 anos que a bancada do PT vota pra ampliar o Bolsa Família para 600 reais. Bolsonaro adora citar números absurdos”.

Bolsonaro se irritou e disse que o PT votou contra o auxilio de 600,00 Nós não podemos ser inconsequentes vou dar isso vou dar aquilo Nós temos de onde tirar recursos.

Em seguida, Ciro Gomes foi perguntado por Vera Magalhães da TV Cultura sobre plano de imunização no Brasil, com comentário de Bolsonaro.

“Vera, não podia esperar outra coisa de você. Você dorme pensando em mim. Você não pode tomar partido num debate como esse, você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, comentou Bolsonaro atacando a jornalista.

Ciro quando respondeu, disse que “eles brigam pra valer, mas não apresentam nada de diferente para o Brasil. Desse jeito, nós estamos no fundo do poço. A ciência da insanidade é achar que repetir o passado vai mudar alguma coisa, não vai”.

Ninguém defendeu Vera Magalhães.

Em seguida, uma jornalista do Estadão perguntou para Lula com comentário de Ciro sobre imunização.

Se as pessoas nao sao vacinadas é responsabilidade de quem comanda o país. O brasil é lembrado no mundo inteiro pela experiência em vacinação.

Em seguida, Lula teceu muitos elogios para Ciro, mas ele não cedeu e criticou Lula, sua política econômica, e alianças com Gedel Vieira Lima, Renan Calheiros e outros.

Aí Lula ficou bravo. Disse que ele e Ciro ainda vão conversar, mas que ele estava dizendo mentiras. Lula foi pra cima de Ciro e lembrou a ida dele para Paris no segundo turno da eleição presidencial do ano passado.

Em seguida, Simone Tebet foi chamada pra responder e aproveito a voz e mandou um recado para Bolsonaro e defendeu Vera Magalhães. ” “Nós temos que dar exemplos, exemplos que o presidente da República não dá quando ataca mulheres, quando ataca jornalistas. Eu não tenho medo. Quero dizer diretamente ao presidente da República: eu não tenho medo de você”.

3º Bloco

No terceiro bloco, os candidatos voltaram a se enfrentar. Simone perguntou pra Bolsonaro e disse que o presidente é “misógino” e “agride” as mulheres brasileiras, que defende torturador de mulheres e, por isso, quer saber por que ele sente “tanta raiva das mulheres”.

Bolsonaro respondeu que Simone o acusa “sem provas nenhuma”.

Segundo o presidente, seu governo foi o que mais sancionou leis em defesa das mulheres, e cumprimentou sua esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro pelo trabalho voluntário que realiza.

“Chega de vitimismo, somos todos iguais. Tenho certeza que uma grande parte das mulheres brasileiras me amam porque defendo a família”, falou Bolsonaro, ressaltando que, ao defender o porte e posse de armas, é uma forma de que as mulheres “possam se defender”.

Bolsonaro disse que quem foi agredido foram seus amigos empresários que defenderam golpe caso Bolsonaro perca as eleições, em mensagens de WhasApp. Segundo ele, as conversas eram ‘privadas’ e não cabia a ‘perseguição’.

“Lugar de presidência é exemplo, coisa séria. Não podemos ter um presidente que mente, agride a família, age de forma desrespeitosa”, completou Simone.

Soraya perguntou para Lula quais a propostas dele que até agora “ele não disse nenhuma”.

Lula respondeu dizendo que quando ele assumiu em 2003, “o país estava quebrado”. Disse que reduziu a divida pública, reduziu ai inflação, gerou 22 milhões de empregos e começou uma reserva internacional, o que deu uma estabilidade que o Brasil jamais tinha tido.

“Eu volto com um único compromisso de fazer mais do que eu já fiz”. Lula citou fazer uma reforma tributária e não citou nenhuma outra proposta.

Em seguida, Ciro perguntou ao candidato do Novo, Felipe D’Ávila e disse que milhões de brasileiros estão “humilhados” com dívidas no SPC e que quer resolver essa problema.

Em seguida, D’Avila disse que o PT deixou o governo com maior escândalo de corrupção do mundo e com recessão econômica histórica. Para ele, se o PT voltar ao governo, é a chance de crescimento zero.

Ciro Gomes destacou que há 11 anos o país “cresce perto de zero”.

D’Ávila voltou a defender privatização de empresas estatais e chamar “quem chama riqueza para conversar, que é o setor privado”. “O estatismo é uma doença no país”, afirmou ele, novamente defendendo privatizar o país.

Bolsonaro perguntou para Ciro sobre a questao feminina, com foco na criação de empregos.

Ciro Gomes disse que Bolsonaro não respeita “com a devida delicadeza, profundidade, essa grave questão feminina”.

Ele aproveitou para criticar Bolsonaro pelo comportamento com Vera Magalhães e disse que mesmo já tendo sido criticado por ela varias vezes, nunc a atacou como o presidente fez.

Gomes ainda destacou que 78 de cada 100 mulheres “estão no limite recorde de endividamento e que elas não sairão desse cenário sem política pública”.

“Não sou daqueles críticos que esquecem a realidade e os limites. Apenas o seu governo não conseguiu responder nem a questão econômica trágica que herdou do PT, nem conseguiu mudar aquilo que foi promessa […] o senhor está filiado ao partido do Valdemar Costa Neto”, declarou Gomes.

Bolsonaro se desculpou pela fala da fraquejada, e lembrou que o pedetista já disse o papel de sua ex-esposa, Patrícia Pillar, era “dormir” ao lado dele. Ciro Gomes afirmou que cometeu “a inbecilidade” de fazer a brincadeira machista, mas que já pediu de desculpa e sempre que pode, pede de novo.

Ciro disse: “Você não tem coração, simulou sufocamento na hora que o povo estava faltando oxigênio em Manaus, dizer que não é coveiro na hora que milhões de famílias brasileiras estavam enlutadas”, completou o pedetista.

Em seguida, Lula perguntou para Simone. Ele disse que ela teve uma atuação “extraordinária” na CPI da Covid e perguntou se ela acha que houve corrupção e negligência de Jair Bolsonaro na pandemia.

Simone disse que saiu “indignada” da CPI. Ela afirmou que “houve corrupção, tentativa de comprar vacinas superfaturadas”, com contratos “escabrosos”.

Tebet enfatizou que, ao denunciar o caso na CPI, foi processada por um ministro de Bolsonaro.

Lula comentou que a diferença de seu governo para o de Bolsonaro é que no dela a havia transparência para os órgãos fiscalizadores trabalharem e criticou os sigilos de Bolsonaro de até 100 anos nos gastos com o cartão corporativo da Presidência.

Tebet também criticou os sigilos de Bolsonaro.

Simone ainda disse que houveram pessoas do MDB que participaram dos esquemas de corrupção nos governos do PT. Ela não citou nomes, mas frisou que esses políticos não fazem parte de sua campanha. Em seguida a candidata classificou como um dos maiores escândalos de corrupção da  “história do Brasil’, o orçamento secreto de R$ 16,5 bilhões em 2022, usado por Bolsonaro como moeda de troca com o centrão.

Depois disso, o debate foi para as considerações finais.