Confira como foi o debate da TV Gazeta

Confira os principais trechos

Presidenciáveis e suas equipes de assessores momentos antes do início do debate realizado neste domingo, 9
Créditos: Fernanda Beirão/ Catraca Livre
Presidenciáveis e suas equipes de assessores momentos antes do início do debate realizado neste domingo, 9

O debate da TV Gazeta, em parceria com o “Estadão” e a rádio Jovem Pan, na noite deste domingo, 9, foi marcado pelas ausências. Os candidatos presentes, Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) discutiram educação, segurança pública, saúde, meio ambiente e corrupção, principalmente.

Não estiveram presentes os candidatos do PT (Luiz Inácio Lula da Silva está com a candidatura impugnada e Fernando Haddad ainda não foi confirmado como cabeça de chapa), Jair Bolsonaro (PSOL), que está hospitalizado após o ataque sofrido na última quinta-feira, 6, e Cabo Daciolo (Patriota), que está num período de orações e jejum no monte, conforme divulgou, pelo país e pela recuperação de Bolsonaro.

No início do programa, Alckmin, Boulos, Ciro, Meirelles e Marina relembraram o ataque ao candidato do PSL, pediram pacificação na sociedade brasileira e, por solidariedade ao deputado, os demais candidatos abriram mão da “cadeira vazia”, que marca a ausência de políticos.

Confira os principais trechos:

Santas Casas

O postulante do PSDB aproveitou a citação a Bolsonaro para questionar Alvaro Dias sobre as Santas Casas, já que foi uma de suas unidades que prestou socorro imediato ao candidato em Juiz de Fora.

Dias afirmou que há “desvios em excesso” e que o SUS, embora seja um “grande programa”, não é bem implementado, além de planos de saúde que estão “comprometidos pela ineficácia” e, por isso, não reembolsam o SUS.

Alckmin afirmou que o excesso de isenções na área, ao lado da falta de fiscalização da ANS (Agência Nacional de Saúde), aumentam o problema. “Nós beneficiamos de um lado e sofremos as consequências dos outros. Quem paga é o contribuinte.” A correção da tabela do SUS, disse o tucano, é outra necessidade.

Bancos

Numa dobradinha inusitada, Alvaro Dias pergunta a Boulos sobre os benefícios dados a bancos pelos últimos governos em detrimento à produção e ao desenvolvimento do país. “O Brasil se tornou o paraíso dos bancos”, afirmou o candidato do Podemos. “Nossos governos se tornaram reféns do sistema financeiro nacional.”

Boulos concordou, dizendo que banco “faz o que quer” no Brasil, e disse que irá “acabar com a farra dos bancos” e com a “bolsa banqueiro” abaixando juros do sistema financeiro. “Não adianta botar botar banqueiro lá [no Planalto].”

Privilégios

Os momentos mais acalorados do primeiro bloco aconteceram nos embates entre Meirelles e Boulos sobre privilégios. “Por falar em bancos, Meirelles, você faz parte do clube dos privilegiados junto com Alckmin, com Temer. Se você for eleito, vai enfrentar os privilégios da sua turma?”, quis saber o candidato do PSOL.

Meirelles afirmou que fez ajustes de forma a propiciar a geração de 10 milhões de empregos no governo Lula, quando foi presidente do Banco Central, e mais 2 milhões de vagas, na gestão Temer, quando assumiu a pasta da Fazenda. “O mundo se divide entre quem trabalha e quem não trabalha.”

Boulos rebateu: “Um banqueiro falando em trabalho é uma coisa extraordinária. Comigo, rico vai pagar imposto. Vamos enfrentar o ‘bolsa banqueiro’. Não vou chamar o Meirelles, vou taxar o Meirelles”.

Meirelles, na tréplica, afirmou que trabalhou a vida toda “e sempre paguei todos os impostos. Pago imposto com satisfação, ao contrário de quem não trabalha, não paga imposto, só fala de tomar recursos dos outros e invadir propriedade”.

Corrupção

A jornalista Vera Magalhães, , da Jovem Pan e do “Estadão”, pergunta a Alckmin como fazer o eleitor diferenciar PT e PSDB se ambos têm quadros presos e sendo investigados. O ex-governador afirma que “lei é para todo mundo”. “Quem deve, deve responder, deve ser punido. Quem não deve, deve ser absolvido.” E completou: “Não tenho só ficha limpa, tenho vida limpa. O meu patrimônio é o mesmo. Moro no mesmo apartamento há 30 anos, abri mão de aposentadoria de deputado estadual, de deputado federal. O que herdei do meu pai vou deixar pros meus filhos: nome honrado e dedicação à vida pública”.

Ao comentar, Marina ressaltou que ambos os partidos estão envolvidos em casos de corrupção e “o que diferencia Aécio é o fato de ter foro privilegiado. Por isso somos a favor de acabar com o foro, se não se cria dois pesos e duas medidas no processo de combate à corrupção”.

Polarização

No segundo bloco, ao ser questionado pela jornalista Vera Magalhães se a esquerda teria ajudado a fomentar a polarização no Brasil, com o discurso do “nós contra eles” presente no governo Lula, Boulos afirmou que precisamos “diferenciar o que é violência e ódio na política e o que é polarização social. Quando diferença transborda para o ódio, isso é inadmissível. Aliás, essa semana faz seis meses do assassinato covarde de Marielle (Franco, vereadora pelo PSOL) sem que a gente saiba quem matou e mandou matá-la. Bolsonaro sofreu ataque e repudiamos. Todas as diferenças que tenho com Bolsonaro vamos resolver na diferença política, não na violência. Querer achar o pai da polarização é hipocrisia”.

Segurança pública

O terceiro bloco do debate teve início com um embate arrebatador entre PMDB e PSDB.

Ao questionar Alckmin sobre o combate à violência no país, Henrique Meirelles provocou o tucano ao afirmar que “O crime organizado hoje é o maior produto de exportação de São Paulo” em referência à expansão da maior facção criminosa do país, que saiu das penitenciárias paulistas para atuar em outros estados.

E comparou sua atuação frente à presidência do Banco Central, quando, segundo ele, combateu a inflação pela raiz. Nesta relação, atacou o adversário alegando que o tucano não fizera o mesmo pela segurança pública como governador.

Alckmin então rebateu a questão, justificando que Meirelles estava “sendo injusto com São Paulo”. E recorreu ao argumento, exaustivamente citado, que se refere à redução do número de homicídios no estado: de 13 mil por ano a 3,5 mil por ano.

Disse ainda que São Paulo se tornou o lugar mais seguro do país, graças a investimento em inteligência, tecnologia das polícias civil e militar. Citou ainda a criação de uma guarda nacional, projeto que propõe a unificação das polícias para atuar nas 150 cidades mais violentas do país.

Sistema Único de Saúde 

Outro tema de destaque da noite foi o questionamento apontado por Gomes sobre a questão da saúde pública no país. Tema, segundo o pedetista, que requer grande investimento. “O próximo presidente terá a tarefa de reconstruir a saúde das instituições brasileiras”.

Para o assunto, Marina promete transformar o SUS no plano de saúde de todos os brasileiros, prometendo saúde de qualidade ao país inteiro. Para isso, segundo ela, a reestruturação do SUS focará esforços na valorização dos médicos de família. “Eu, que vivi as mazelas de não ser bem atendida na saúde pública, tenho esse compromisso”.

Lembrou ainda a contribuição de Eduardo Jorge, um dos idealizadores do SUS no país, que como vice da chapa coordenará a área de saúde em sua gestão.

Marina lembrou que boa parte dos problemas relacionados à saúde pública no país podem ser resolvidos com soluções básicas. “Vamos ajudar as pessoas a ter acesso aos remédios de alto custo sem precisar recorrer a justiça”.

Museus e gastos públicos 

No quarto bloco, com perguntas realizadas pelos internautas, o Museu Nacional virou o tema do debate entre os candidatos. O sorteado para comentar a questão foi Ciro Gomes, que escolheu Geraldo Alckmin replicar sua fala.

Em suas palavras, Ciro Gomes afirmou que o incêndio que destruiu o Museu Nacional o deixou profundamente deprimido.

E aproveitou a ocasião atacar o tucano, que apoiou o projeto de congelamento de gastos aprovado por Michel Temer (MDB) – que segundo o pedetista é a principal causa da tragédia ocorrida no último dia 2 de setembro. “O Brasil está com um problema muito grave e muito sério. O incêndio do Museu Nacional é a manifestação trágica e aguda desse fenômeno. Impôs 20 anos de congelamento em investimentos em educação, saúde, cultura […] e tudo mais que interessa ao povo. Se não assumirmos o compromisso de revogar a emenda 95, todos nossos compromissos não passarão de mentira”.

Aproveitou, em seguida, para questionar o Alckmin sobre o estado do Museu do Ipiranga, atualmente fechado. Segundo ele, “a próxima vítima potencial de uma tragédia dessa natureza”.

O ex-governador logo se esquivou da acusação, rebatendo que o PT e os aliados de Ciro são os responsáveis pela criação de um déficit primário absurdo – e provocado a necessidade do congelamento dos gastos. Disse ainda que corrigirá o “desajuste total das contas públicas”, creditando novamente o problema aos anos de PT no governo.

Desigualdade salarial e lista suja do machismo 

Na sequência, Meirelles propôs a Álvaro Dias um debate sobre a disparidade salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho. E escorregou. Em meio ao raciocínio afirmou ser inaceitável “mulher ganhar mais que homem”, garantindo risadas entre os presentes no auditório.

Mas o destaque para a questão ficou mesmo para a proposta de Boulos, que em outro momento da noite, resgatou o tema para citar a criação da lista suja do machismo.

A ideia, de forma resumida, consiste expor o nome de empresas  que pagarem a mulheres salários menores do que os dos homens no mesmo cargo e proibi-las de negociar com o Estado ou ter crédito em banco público. A sugestão, claro, deu o que falar nas redes sociais.

Debate foi considerado “morno” pelos especialistas e teve Ciro Gomes como destaque da noite
Créditos: Fernanda Beirão/ Catraca Livre
Debate foi considerado “morno” pelos especialistas e teve Ciro Gomes como destaque da noite

Considerações finais:

Marina Silva: “Eu entrei nessas eleições para oferecer a outra face. Pra face do ódio, o amor. Pra face da violência, a tolerância. Eu sou mulher, mãe de 4 filhos. Vi a violência de perto desde criança. Neste ano, tivemos assassinato de Marielle, atentado a caravana de Lula e agora o ataque a Bolsonaro. Nós não vamos chegar a lugar nenhum com um país dividido!”

Álvaro Dias: “Diante de tantas promessas, de tantas propostas, e essa descrença que campeia no País como consequência dos desgovernos e dessa corrupção avassaladora, o que dizer? Não dá pra apresentar qualquer proposta sem assumir o compromisso de romper com esse sistema”.

Geraldo Alckmin: “Eu e Ana Amélia defendemos a pacificação. O Brasil já tem problemas demais, os brasileiros têm problemas demais. Apenas unidos vamos conseguir superar os grandes desafios. Todas as vezes que o Brasil fez um esforço de união, nós tivemos um avanço civilizatório”.

Ciro Gomes: “Se você tem um restinho de esperança aí, não decida agora.  Veja quem entregou quando teve oportunidade. Veja se há coerência entre os candidatos e o que eles estão propondo. Estamos juntos nesta batalha”.

Henrique Meirelles: “Já presidi uma organização mundial e já vi o que funciona e o que não funciona em 32 países. Juntos vamos fazer o Brasil do tamanho dos nossos sonhos. É só me chamar que vamos construir o Brasil que você quer”.

Guilherme Boulos: “A crise no Brasil é profunda, não é apenas econômica, política. É uma crise de destino, ética. Sou o único candidato com condições de enfrentar esse sistema porque não tenho rabo preso. Eu prego um voto contra o sistema, este mesmo sistema que gera desigualdade e violência”.

Assista ao debate na íntegra:

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