Contrariado, Bolsonaro espera apoio de Mandetta em meio à pandemia

Presidente estaria incomodado com discurso do Ministério da Saúde, que, segundo ele, promove histería pública em vez de acalmar a população

18/03/2020 12:43

Em meio à crise da pandemia de coronavírus que atinge o Brasil, e o mundo, o presidente Jair Bolsonaro estaria cobrando o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a adotar um discurso mais alinhado ao governo. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

Entre os motivos de aparente desgaste, o presidente defende a deputados aliados que incorporem a retórica pública de não paralisação da atividade econômica. Além disso, ressalta apoio ao direito do cidadão participar de protestos.

Bolsonaro também considera que o Ministério da Saúde tem promovido histeria pública em vez de acalmar a população. Isso porque, desde o agravamento do vírus, a pasta tem sugerido que as pessoas não participem de eventos públicos, adotem medidas de prevenção e se isolem em suas casas.  Medidas que desagradam o presidente.

Um dos episódios recentes que incomodaram Bolsonaro foi a participação de Madetta em uma coletiva de imprensa ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Sobretudo pelo fato do tucano, que passou de aliado a desafeto de Bolsonaro, ser pré-candidato às eleições de 2022.

O episódio abriu caminho para uma crise interna que marca o embate entre Bolsonaro e Dória, que, recentemente,  declarou ter se arrependido de votar em Bolsonaro. Além disso, o governador paulista não poupa elogios a Mandetta por sua atuação no combate à doença.

Bolsonaro esperava apoio de Mandetta após críticas

Ainda de acordo com a matéria publicada pela Folha, o presidente se sentiu contrariado por Mandetta não tê-lo defendido publicamente por participar da manifestação a favor do governo em Brasília, no último domingo, 15.

Com a pressão exercida por setores do governo, Mandetta adotou um discurso mais próximo ao do presidente. Na última terça-feira, 17, ao comentar sobre a previsão de novos casos de coronavírus até junho, o ministro disse que medidas de restrição poderiam ser utilizadas nesse período. Mas ponderou: “Devemos ter muito cuidado com medidas restritivas que possam interromper abastecimento de grandes eixos. Não adianta parar tudo e depois não ter alimentos para os outros estados. Temos que ver a logística de abastecimento do país”.