Datafolha: 61% querem proibição de posse de armas de fogo

Pesquisa mostra que ricos, héteros e eleitores de Bolsonaro lideram a defesa da posse de arma

31/12/2018 17:26 / Atualizado em 05/05/2020 12:19

Bolsonaro diz que pretende editar um decreto para facilitar a posse de armas
Bolsonaro diz que pretende editar um decreto para facilitar a posse de armas - ugurhan/istock

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha e divulgada nesta segunda-feira (31) apontou que quase dois terços da população (61%) querem a proibição da posse de armas no território nacional. De acordo com o levantamento, que ouviu 2.077 entrevistados em 130 municípios em todas as regiões do país entre os dias 18 e 19 deste mês, a maioria acredita que a arma representa uma ameaça à vida das pessoas.

A pesquisa mostra um aumento na rejeição da população brasileira com relação à liberação da posse. No levantamento anterior, feito no último mês de outubro, 55% dos entrevistados eram contra a posse de armas.

A opinião difere segundo gênero, escolaridade, religião e visão política. De acordo com o instituto, a rejeição sobre posse de armas é maior entre as mulheres. 71% delas se disseram contrárias, enquanto 51% dos homens compartilham da mesma opinião.

O apoio à posse também é maior entre os mas ricos. Entre os que têm renda familiar mensal de até 2 salários mínimos, 32% defendem a posse de armas. Já entre pessoas que ganham mais de 10 salários mínimos, esse percentual sobe para 54%.

A pesquisa também observou que os moradores da região Sul do país são os mais favoráveis às armas, com 47%. Enquanto isso, no nordeste, apenas 32% querem a posse de arma de fogo liberada.

Também foi observado que, enquanto os heterossexuais são mais favoráveis às armas, os homossexuais e bissexuais enxergam a liberação de forma negativa.

Entre os eleitores de Bolsonaro (PSL) , o direito de possuir arma é defendido por 53%. Já entre os eleitores de Fernando Haddad (PT), esse percentual cai para 16%.

Armas no Governo Bolsonaro

A flexibilização do Estatuto do Desarmamento foi uma das propostas contidas no plano de governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). No último sábado (29), por meio de seu perfil no Twitter, Bolsonaro afirmou que pretende editar um decreto para garantir a posse de arma de fogo para “o cidadão de bem sem antecedentes criminais”.

A Constituição, no entanto, não permite, alterar uma lei federal como o Estatuto do Desarmamento por meio de decreto. Em outra publicação feita horas depois do primeiro tuíte, Bolsonaro explicou que “a expansão temporal será de intermediação do Executivo”, mas outras medidas de aperfeiçoamento dependeriam do Congresso Nacional, “cabendo o envolvimento de todos os interessados”.

Quem pode ter armas hoje no Brasil?

Atualmente, a Polícia Federal autoriza a posse de armas de fogo para pessoa física a a partir das seguintes exigências:

  • Ter ao menos 25 anos;
  • Ter ocupação lícita;
  • Justificar a través de uma declaração escrita a “efetiva necessidade” de ter uma arma, expondo fatos e circunstâncias que justifiquem o pedido;
  • Não estar respondendo a inquérito policial ou processo criminal
  • Não ter antecedentes criminais nas justiças Federal, Estadual (incluindo juizados), Militar e Eleitoral
  • Comprovar aptidão psicológica e técnica para manuseio de arma de fogo

Além disso, é necessário pagar uma taxa e apresentar cópias autenticadas ou original e cópia de RG e CPF, comprovante de residência e foto 3×4.

O direito à posse significa poder manter uma arma apenas dentro de casa. Para andar armado, é preciso ter direito ao porte, o que é proibido, exceto para militares, policiais e afins e trabalhadores rurais que comprovem o uso para subsistência.