Defesa de João de Deus tenta desqualificar vítima de abuso
Advogado de defesa diz que ex-paciente era prostituta e tinha histórico de extorsão, por isso investigação deve caminhar com serenidade
O médium João de Deus negou todas as acusações de abuso sexual que mais de 300 mulheres relataram ter sofrido durante sessões espirituais em seu centro em Abadiânia, Goiás. Ele se entregou à polícia na tarde de ontem, 16, e concedeu depoimento por mais de duas horas.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o médium disse que a regra era atender as pacientes coletivamente e não em espaços reservados e individuais, como as vítimas contam ter acontecido. Ele respondeu todas as perguntas e recordou-se de algumas das mulheres que registraram as denúncias.
O advogado de defesa, Alberto Toron, tentou desqualificar as denúncias dizendo que algumas delas não têm credibilidade para acusar João de Deus. Uma seria a holandesa Zehira Lieneke que, segundo Toron, era uma prostituta e tinha um passado de extorsão. Por isso, o caso teria que ser analisado com serenidade.
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“O fato de ter sido prostituta, por si só, não a descredibiliza, mas é preciso ver o contexto da vida dessa mulher para ver se ela tem crédito ou não. Isso não fizemos ainda”, comentou em entrevista à Folha de S.Paulo. Ainda segundo Toron, pessoas poderiam se aproveitar da situação para pedir dinheiro ao médium.
O delegado responsável pelo caso de 15 mulheres espera concluir o inquérito nos próximos 15 dias. Os crimes investigados são de estupro e posse sexual mediante fraude, uma vez que ele pode ter usado a fé para ter sexo.
O médium foi encaminhado para o Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia e ficará em uma cela de 16m² com mais 3 presos. O advogado vai pedir que a prisão de João de Deus seja revogada ou que ele possa aguardar em regime domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
A expectativa é que a detenção do médium aumente ainda mais o número de denúncias. Até o momento o Ministério Público já recebeu mais de 300 relatos de abusos.