Editorial: Jair Bolsonaro, nosso não candidato
A discussão não é ser 'de esquerda' ou 'de direita', mas respeitar os direitos constitucionais
Diante da grave ameaça à democracia, a Catraca Livre decide, pela primeira vez, não ser neutra nas eleições presidenciais. Não vamos apoiar nenhum partido nem nenhum político. Mas não nos manteremos à margem: Jair Bolsonaro é nosso não candidato.
Somos a favor dos direitos humanos, da democracia, defendemos a luta dos LGBTs, denunciamos qualquer forma de segregação: o racismo, o machismo, a xenofobia.
Este não candidato foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal, pela Procuradoria-Geral da República, por racismo e manifestação discriminatória contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs.
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Este não candidato minimiza a tortura, aplaude a ditadura, defende o armamento irresponsável dos cidadãos, faz apologia ao estupro, pede o enfraquecimento do Ministério Público, um órgão fiscalizador fundamental, e também prega o ódio contra os que pensam de forma diferente dele.
Respeitamos os eleitores que se sentem representados por Bolsonaro, por enxergarem nele uma opção que expressa o desejo de ordem num cenário em que a falta de segurança se impõe. Mas os elogios que o deputado fez, no passado, ao então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, apenas reforçam a percepção de que ele vê no autoritarismo uma solução.
Vamos manter a objetividade da cobertura nestas eleições e todos os candidatos terão espaço para apresentar suas propostas, mas, institucionalmente, afirmamos: não podemos nos manter calados e compactuar com um político que dissemina ideais antidemocráticos. A discussão não é ser “de esquerda” ou “de direita”, mas respeitar os direitos constitucionais.
A Catraca é livre e, assim como o Brasil, é como queremos continuar a ser.