Educadora relata agressão após ser vítima de homofobia

"Hoje foi o momento em que a homofobia e a violência daqueles olhares se transformaram em insultos e agressões", refletiu educadora

Em tempos em que a intolerância e o preconceito ganham voz na rotina dos brasileiros, o caso de Deborah Lourenço, de 31 anos, expõe a importância do debate sobre gênero e orientação sexual.

Com o cabelo curto em decorrência do tratamento de quimioterapia contra o câncer de mama, a educadora foi vítima de ofensas homofóbicas e agressões no centro do Rio de Janeiro, na manhã do último sábado, 24. O episódio ganhou notoriedade por meio de uma publicação do marido de Deborah no Facebook.

Após deixar mais uma sessão da quimio, acompanhada da mãe, a vítima se dirigia de Botafogo, na Zona Sul da cidade, sentido à região central, onde pretendia fazer compras de natal.

Era pouco mais de 8h30, quando ao estacionar na Presidente Vargas, um guardador de carros passou a xingá-la e empurrá-la por acreditar que Deborah era um homem homossexual.

Em entrevista ao G1, a educadora explicou o caso: “O procedimento terminou mais cedo que o esperado e perguntei para minha mãe se ela não gostaria de ir ao Centro para tomarmos café da manhã na Casa Cavé – ela concordou. Combinamos que também aproveitaríamos para fazer algumas compras de Natal. Decidimos parar o carro na Presidente Vargas. Um guardador de vagas se aproximou e indicou o local onde deveríamos estacionar. Nesse momento, eu desci para esperar do lado de fora do veículo, uma vez que, no lugar onde o carro ficaria, eu não teria como abrir a porta. Foi quando o problema aconteceu”, relembrou Deborah.

Esperando a mãe terminar de estacionar o veículo, um outro guardador que estava no local passou então a agredi-la verbalmente. “Ele começou a gritar: ‘É vinte! É vinte!’ Entendi que ele queria que eu desse R$ 20 para estacionar o carro ali. Eu ia começar a explicar que já havia acertado com o primeiro guardador, mas nem tive tempo – ele passou a me xingar: ‘Viadinho! Filho da p(*)! Viadinho de m(*)!’. Logo em seguida, estufou o peito, cresceu para cima de mim e passou a me empurrar. Eu não acreditava no que estava acontecendo, fiquei chocada. Só conseguia recuar para tentar não ser atingida. Nesse instante, o primeiro guardador entrou na minha frente e conteve o agressor. Corri para dentro do carro e pedi para que minha mãe nos tirasse dali logo”.

Ao refletir o ocorrido, Deborah lamentou o episódio o clima de intolerância que acomete o país. “Hoje foi o momento em que a homofobia e a violência daqueles olhares se transformaram em insultos e agressões – porque aquele guardador se viu autorizado a me agredir apenas porque achou que eu era um homossexual. É triste e difícil de acreditar”.

O crime ainda não foi registrado na delegacia.