Escola de Jundiaí (SP) tampa menina negra de propaganda nas redes

Família registra boletim de ocorrência por racismo contra a instituição

Veio a público nesta última quarta-feira, 23, que a família de uma menina negra de 10 anos registrou um boletim de ocorrência contra a escola que ela estuda por ser sido tampada em uma imagem de propaganda feita pela instituição nas redes sociais.

Escola de Jundiaí (SP) esconde menina negra de propaganda nas redes
Créditos: Reprodução/Instagram
Escola de Jundiaí (SP) esconde menina negra de propaganda nas redes

Segundo o registro, o pai da aluna disse que estava na casa de amigos quando sua filha visualizou a publicação no perfil do Colégio Domus Sapiens, localizado em Jundiaí, São Paulo. No anúncio publicitário é possível ver quatro meninas, sendo três brancas e uma garota negra.

Na arte, havia o texto “Importante na escola não é só estudar, é também criar laços de amizade e convivência – Paulo Freire”.

De acordo com o pai, a família recebeu mensagens de indignação pela publicação. Porém, a instituição foi notificada pelos parentes da estudante e a postagem foi apagada.

Uma nova fotografia foi publicada, dessa vez sem a arte e com o rosto de todas as garotas. O delegado responsável pelo caso ouvir os envolvidos nos próximos dias.

Nota da escola Colégio Domus Sapiens

Em nota ao G1, o colégio disse que a ocultação da aluna na imagem em questão não foi escolhida por critério racial, e sim, por um critério geral de posicionamento da caixa de texto nas fotos publicadas em sequência na rede social.

“Ao contrário da interpretação dada pelos usuários em questão e das injuriosas acusações, na data de 20/11/2020 a Agência de Publicidade contratada pelo Colégio elaborou ao todo 41 postagens, em pacote, sendo que em praticamente todas as postagens feitas naquela oportunidade, o lado escolhido para a colocação da caixa de texto é justamente o lado direito da foto, se sobrepondo aos rostos de muitos outros alunos, em outras fotos, inclusive, alunos brancos, com o intuito de seguir um padrão estético na diagramação da publicidade (já que as fotos seriam lidas em sequência).

Ou seja, analisado o conteúdo da publicidade feita naquela data, não sobreleva qualquer dúvida de que a ocultação da imagem da aluna em questão, não foi propositalmente escolhida por critério racial, e sim, pelo critério geral de posicionamento da caixa de texto nas fotos divulgadas sequencialmente na rede social.

O colégio, ao longo de uma trajetória dedicada à inclusão social e à censura de toda e qualquer prática discriminatória, apoia decisivamente as ações visando coibir o racismo e a disseminação de propagandas de ódio e violência. essa é a nossa missão perante a comunidade e na formação de nossos alunos”, disse a escola em pronunciamento oficial.

Como denunciar racismo?

Para que casos de racismo diminuam, é fundamental que o criminoso seja denunciado, já que racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89. Muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro. Veja mais aqui.