Estudante brasileira é morta por paramilitares na Nicarágua

Organizações de direitos humanos condenam governo de Daniel Ortega por "assassinatos, execuções extrajudiciais e maus-tratos",

24/07/2018 16:10

Em meio à crise política instalada na Nicarágua, que, recentemente, deixou centenas de mortos durante os protestos contra o presidente Daniel Ortega, a estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima foi assassinada a tiros por um grupo paramilitar na última segunda-feira, 23. A morte foi anunciada pelo reitor da Universidade Americana da Manágua (UAM) na capital nicaraguense.

Na notícia veiculada pelo canal 12 da televisão local, o reitor afirmou que a brasileira, estudante do sexto ano de medicina, morreu após ser atingida por “um tiro no peito que afetou o coração, o diafragma e parte do fígado”.

Organizações de direitos humanos condenam Nicarágua por “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias”.
Organizações de direitos humanos condenam Nicarágua por “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias”.

Com a morte da jovem brasileira, o número de mortos durante as manifestações contra o presidente Daniel Ortega varia entre 277 e 351 mortos – segundo apuração das organizações humanitárias locais e internacionais.  “A morte desta moça é um sinal do que está acontecendo na Nicarágua, contradiz o que Ortega disse (em entrevista à “Fox News”), que tudo está normal, mas é uma paz de mentira, há paramilitares por todos lados”, argumentou o reitor.

Em entrevista à mídia local, o reitor revelou que o assassinato ocorreu em uma região ao sul de Manágua.  Disse ainda que os paramilitares responsáveis pelo assassinato estavam na casa de Francisco López, tesoureiro do partido de Daniel Ortega, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).  “É preciso dizer isso, paramilitares que estavam na casa de Chico (Francisco) López foram os que dispararam”, disse o reitor.

Sobre a morte de Raynéia, o Itamaraty afirmou que busca respostas do governo local e publicou uma nota sobre o assunto:

“O governo brasileiro recebeu com profunda indignação e condena a trágica morte ontem, 23 de julho, da cidadã brasileira Raynéia Gabrielle Lima, estudante de Medicina na Universidade Americana em Manágua, atingida por disparos em circunstâncias sobre as quais está buscando esclarecimentos junto ao governo nicaraguense.

Neste momento difícil, estende sua solidariedade e expressa suas mais sentidas condolências à família da jovem.
Diante do ocorrido, o governo brasileiro torna a condenar o aprofundamento da repressão, o uso desproporcional e letal da força e o emprego de grupos paramilitares em operações coordenadas pelas equipes de segurança, conforme constatado pelo Mecanismo Especial de Seguimento para a Nicarágua instalado para implementar as recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Ao repudiar a perseguição de manifestantes, estudantes e defensores dos direitos humanos, o governo brasileiro volta a instar o governo da Nicarágua a garantir o exercício dos direitos individuais e das liberdades públicas.
O governo brasileiro exorta as autoridades nicaraguenses a envidarem todos os esforços necessários para identificar e punir os responsáveis pelo ato criminoso”.