Estúdio refaz tattoos das vítimas de abuso por tatuador em BH

Leandro Caldeira foi preso após 15 mulheres formalizarem a denúncia contra ele

Profissionais mulheres estão modificando tatuagens das vítimas
Créditos: Arquivo Pessoal
Profissionais mulheres estão modificando tatuagens das vítimas

Depoimentos de abuso sexual em um estúdio de Belo Horizonte, Minas Gerais, vieram à tona após a ativista e professora de literatura Duda Salabert fazer um post no Instagram falando sobre sua preferência em se tatuar com profissionais mulheres.

Na publicação, a ativista recebeu cerca de 100 mensagens sobre casos de assédio em diversos estabelecimentos de tatuagem, das quais 40 acusavam o tatuador Leandro Caldeira, de 44 anos, proprietário do local.

“Logo em seguida, eu recebi uma narrativa muito pesada de uma mulher que foi assediada pelo Leandro. Segundo o relato, ele ficava jogando tinta sobre os seios dela e prolongando ao máximo a tatuagem para que ela ficasse dentro do estúdio por mais tempo”, afirma em entrevista à Catraca Livre.

O tatuador foi preso após 15 mulheres formalizarem a denúncia. O caso ganhou repercussão neste domingo, 31 de março, quando foi publicada uma reportagem no Fantástico, da Globo.

“Desde então, chegaram mais uns 20 relatos, dos quais umas 10 vítimas toparam fazer o boletim de ocorrência na polícia”, completa Duda. Todas elas estão recebendo apoio do Ministério Público, da procuradoria de Direitos Humanos e da Delegacia da Mulher.

Tatuador é acusado de assédio sexual por 15 mulheres
Créditos: reprodução/TV Globo
Tatuador é acusado de assédio sexual por 15 mulheres

Feita a instância jurídica, agora a ativista está mobilizando apoio psicológico e à autoestima das mulheres, além de convidar tatuadoras para ressignificar gratuitamente ou a preço mais baixo as tattoos criadas no estúdio.

A primeira modificação foi feita pelo estúdio godarc, de Belo Horizonte, formado apenas por profissionais do gênero feminino. “Nós já temos mais 8 tatuadoras que toparam participar desse processo, cada uma de um estabelecimento diferente”, diz a professora.

Segundo Cajurine, uma das tatuadoras do godarc, a decisão em ajudar as vítimas foi unânime, pois esta é uma das bandeiras que elas levantam. “Começamos a receber os contatos agora. Até o momento, temos duas confirmadas, uma que eu atendi na semana passada já e outra agendada para essa semana”, ressalta a profissional.

O valor cobrado no godarc, abaixo do previsto, será totalmente doado para a Casa Tina Martins, que dá apoio às mulheres na cidade, nos próximos três meses. “A gente espera que essa nossa ação e de outras tatuadoras incentive mais estúdios a promoverem iniciativas assim. Os abusadores fiquem espertos porque estamos de olho e eles não passarão.”