Filha de João Alberto desabafa no enterro do pai assassinado no Carrefour

"Parecia que estavam jogando um pedaço de carne no chão", disse Thais Freitas, de 22 anos

21/11/2020 16:14

‘É uma monstruosidade’, afirmou a filha mais velha de João Alberto no enterro do pai, neste sábado, 21, após o homem negro ter sido assassinado por seguranças do supermercado Carrefour em Porto Alegre na última quinta-feira, 19, véspera do Dia da Consciência Negra.

Filha de João Alberto desabafa no enterro do pai assassinado no Carrefour
Filha de João Alberto desabafa no enterro do pai assassinado no Carrefour - Reprodução/Twitter

Thais Freitas, 22, soube da morte do João Alberto por primos, na madrugada de sexta. Logo em seguida, ela passou a receber mensagens com notícias e vídeos das cenas da agressão que assassinou seu pai aos 40 anos.

“Aquele vídeo é uma monstruosidade, ele poderia ter sido imobilizado e esperar a polícia chegar. O serviço deles não é matar”, disse a filha de João Alberto para o jornal O Globo.

Thais Freitas trabalha como faxineira e é mãe da única neta de João Alberto, uma menina de 6 anos.

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“Parecia que estavam jogando um pedaço de carne no chão. Mesmo que ele estivesse errado, nada justifica esse tratamento. Espero que a justiça seja feita. Não é justo que, daqui a seis meses, eles (dois seguranças) estejam na rua novamente. A morte dele é para chamar atenção, só quem não tem coração não vai dar bola para isso”, contou a filha do homem negro assassinado no Carrefour, para o jornal Estadão.

Thais qualificou o assassinato como um episódio de racismo.

“Nossa sociedade é racista, e eu já sofri racismo, como apelidos, por exemplo. As pessoas ficam nos olhando diferente no shopping. Só a cor da pele é diferente, mas somos todos iguais”, afirmou a filha do homem negro assassinado no Carrefour.

O velório de João Alberto foi marcado por indignação e pedidos de justiça.

O assassinato de João Alberto no Carrefour provocou protestos pelo país na sexta-feira, Dia da Consciência Negra. O sentimento de revolta motivou manifestações em diversas capitais . Em alguns protestos, apesar de terem sido pacíficos terminaram com invasão de lojas, depredações e confronto com a polícia.