Folha de S.Paulo rebate acusações de Bolsonaro no Jornal Nacional

Ao vivo na TV Globo, o presidente eleito disse que a Folha "espalha fake news"; William Bonner defendeu o jornal

Jair Bolsonaro e William Bonner
Créditos: Reprodução/TVGlobo
Jair Bolsonaro e William Bonner

Após o presidente eleito Jair Bolsonaro atacar o jornal Folha de S.Paulo ao vivo no Jornal Nacional na noite desta segunda-feira, 29, o principal veículo de informação impressa do país rebateu os ataques feito pelo militar.

Na ocasião, ao ser confrontado pelo âncora do JN, William Bonner, se ele defenderá a liberdade de imprensa em seu governo, Bolsonaro disse ser “totalmente favorável à liberdade de imprensa”, “mas temos a questão da propaganda oficial de governo, que é outra coisa”.

Citando diretamente a Folha, o presidente relembrou duas matérias publicadas pelo jornal ao longo deste ano, classificadas por ele como “fake news”: uma envolvendo sua ex-assessora na Câmara dos Deputados, a Wal, e outra sobre a compra de disparos de mensagens via WhatsApp por empresários simpáticos à candidatura de Bolsonaro, em ação que visava difamar Fernando Haddad e, consequentemente, beneficiar a campanha do ex-deputado.

“Aproveito o momento para fazer justiça no Brasil. Tem uma senhora de nome Walderice, uma mulher negra que tinha uma lojinha de açaí. O jornal Folha de S.Paulo foi lá e rotulou de forma injusta como ‘fantasma’. Ela estava de férias. Ações como essa por parte de uma imprensa que comete injustiça e não volta atrás, não posso considerada essa imprensa digna”, afirmou Bolsonaro, complementando que, “por si só, esse jornal [a Folha] se acabou”.

Em seu site, a Folha afirmou que, “diferentemente do que Bolsonaro afirmou na entrevista [concedida à TV Globo], a Folha não mentiu sobre a funcionária fantasma de seu gabinete. Desde a primeira reportagem, o agora presidente eleito vem dando diferentes e conflitantes versões sobre a assessora para tentar negar – todas elas não são condizentes com a realidade”.

O jornal segue dizendo que, na ocasião, Bolsonaro “não” informou que Wal estava de férias na época da primeira reportagem, em janeiro. Por fim, a Folha diz que “retornou à Vila Histórica de Mambucaba e comprou das mãos de Walderice um açaí e um cupuaçu, em horário de expediente da Câmara. À reportagem, ela afirmou trabalhar no local todas as tardes. Minutos depois da reportagem se identificar e deixar a cidade, ela ligou para a Sucursal da Folha em Brasília afirmando que ia se demitir do cargo”.

Em relação à matéria sobre a compra de disparos no WhatsApp, o noticioso informa que “o presidente eleito disse que a reportagem da Folha o acusa de ter contratado empresas no exterior, por meio de empresários, para enviar mensagens anti-PT por aplicativo. Na verdade, a reportagem afirma que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT”.

Sobre as chances de que o jornal feche as portas por causa da falta de assinaturas, a Folha diz que “as acusações de Bolsonaro no ‘JN’ intensificaram um movimento espontâneo nas redes sociais para que as pessoas assinem o jornal. Esse movimento está acontecendo desde o dia 18 [de outubro], quando o jornal publicou reportagem mostrando que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT”.

Geraldo Alckmin usou seu perfil no Twitter para criticar as acusações de Bolsonaro ao veículo de comunicação.

Declarações de Geraldo Alckmin sobre ataque de Jair Bolsonaro à “Folha de S. Paulo”
Créditos: Reprodução/Twitter
Declarações de Geraldo Alckmin sobre ataque de Jair Bolsonaro à “Folha de S. Paulo”