Freiras francesas usavam crucifixos para estuprar crianças, diz relatório da Igreja
Os delitos foram acobertados por autoridades católicas por décadas
O relatório da Comissão Independente sobre Abuso Sexual na Igreja Católica (Ciase), que revelou mais de 300 mil casos de abuso sexual, entre 1950 e 2020, dentro da instituição na França, choca o mundo ao expor relatos cruéis de violência e estupros de crianças.
Em um dos relatos mais estarrecedores do documento, descobriu-se que freiras francesas usavam crucifixos para estuprar meninas e forçavam meninos a fazerem sexo com elas.
Uma das vítima, que testemunhou com o nome “Marie”, disse ter sido abusada aos 11 anos. Ela relatou o caso aos pais, mas eles se recusaram a acreditar que uma freira pudesse fazer tal coisa. O abuso continuou por mais um ano.
“Eu fui realmente um presente para esta freira”, contou. “Ela sabia muito bem que não arriscava nada.”
Os delitos foram acobertados por autoridades católicas por décadas, segundo Jean-Marc Sauvé, presidente da comissão que divulgou o relatório.
Papa Francisco se disse envergonhado e pediu que episódios dessa natureza não se repitam. “Infelizmente são números enormes”, disse o Papa. Certamente, o relatório da Ciese não tem precedentes.
O chefe da conferência episcopal francesa, Éric de Moulins-Beaufort, disse que o número foi “muito maior do que o esperado” e pediu perdão.
O documento inédito, entregue na última terça-feira, 5, foi encomendado em 2018 pela Conferência dos Bispos da França para investigar a pedofilia na Igreja. Segundo o levantamento, entre 2.900 e 3.200 pedófilos agiram no período pesquisado.
O documento, intitulado “Violência sexual na Igreja Católica – França, 1950-2020”, foi entregue ao chefe da Conferência dos Bispos da França e traz centenas de interrogatórios e arquivos da igreja.
A maioria das vítimas são crianças de 10 a 13 anos.
Papa determina punição mais severa a crimes sexuais
A partir de dezembro de 2021, clérigos que cometerem abuso sexual contra adultos também serão criminalizados, segundo determinação do papa Francisco. Casos envolvendo crianças e adolescentes já estavam previstos no Código de Direito Canônico.
A nova diretriz também prevê demissão a bispos e superiores religiosos que agirem por omissão ou negligência. Passa a ser obrigatório relatar as denúncias de abuso.
A mudança visa evitar acobertamentos de práticas que não condizem com a posição da Igreja.
Em carta apostólica, papa Francisco afirma que crimes de abuso sexual causam danos físicos, psicológicos e espirituais às vítimas e “lesam a comunidade dos fiéis”.
“Para que tais fenômenos, em todas as suas formas, não aconteçam mais, é necessária uma conversão contínua e profunda dos corações, atestada por ações concretas e eficazes que envolvam a todos na Igreja.”
Além da punição eclesiástica, o Código Penal do Brasil prevê crimes sexuais contra adultos no artigo 215. A medida, no entanto, procura diminuir o desgaste da Igreja Católica no mundo.
Como denunciar
No Brasil, diariamente, crianças e adolescentes são expostos à violência sexual. No Brasil, até abril de 2019, o Disque 100 recebeu mais de 4 mil denúncias de abuso infantil em todo o Brasil. Há algumas formas de denunciar casos de violência sexual a menores de idade:
Disque 100
Como nos casos de racismo, homofobia e outras violações de direitos humanos, qualquer cidadão pode fazer uma denúncia anônima sobre casos abuso infantil pelo Disque 100. A denúncia será analisada e encaminhada aos órgãos de proteção, defesa e responsabilização em direitos humanos, respeitando as competências de cada órgão.
Aplicativo Proteja Brasil
Depois de instalar o aplicativo gratuito em seu celular, o usuário rapidinho, respondendo um formulário simples, registra a denúncia, a qual será recebida pela mesma central de atendimento do Disque 100. Se quiser acompanhar a denúncia, basta ligar para o Disque 100 e fornecer dados da denúncia.
Ouvidoria Online
O usuário preenche o formulário disponível aqui e registra a denúncia, a qual também será recebida pela mesma central de atendimento do Disque 100. Se quiser acompanhar a denúncia, basta ligar para o Disque 100 e fornecer dados da denúncia.