General diz que milicianos mataram Marielle por causa de terras

"Era um crime que já estava sendo planejado desde o final de 2017, antes da intervenção", afirmou o secretário Richard Nunes

14/12/2018 10:58

Marinete e Antonio Francisco da Silva, pais de Marielle Franco (PSOL), e o secretário Richard Nunes
Marinete e Antonio Francisco da Silva, pais de Marielle Franco (PSOL), e o secretário Richard Nunes - Fernando Frazão/Agência Brasil

Em entrevista ao Estadão, o secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, revelou que a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi morta porque milicianos acreditaram que ela podia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras na zona oeste da cidade.

“Era um crime que já estava sendo planejado desde o final de 2017, antes da intervenção. Ela estava lidando em determinada área do Rio controlada por milicianos, onde interesses econômicos de toda ordem são colocados em jogo”, disse o general. “O que leva ao assassinato da vereadora e do motorista é essa percepção de que ela colocaria em risco naquelas áreas os interesses desses grupos criminosos.”

“A milícia atua muito em cima da posse de terra e assim faz a exploração de todos os recursos. E há no Rio, na área oeste, na baixada de Jacarepaguá, problemas graves de loteamento, de ocupação de terras. Essas áreas são complicadas”, continuou Nunes.

Segundo o secretário, que assumiu a pasta no dia 27 de fevereiro, Marielle vinha conscientizando moradores sobre a posse da terra. “Isso causou instabilidade e é por aí que nós estamos caminhando. Mais do que isso eu não posso dizer”, declarou.

Veja a entrevista na íntegra.

Nove meses do crime

O assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes completa nove meses nesta sexta-feira, 14.

Nesta quinta-feira, 13, a Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpriu os primeiros mandados de prisão e de busca e apreensão relacionados ao caso.

Os policiais estiveram em 15 endereços em vários pontos da capital fluminense e nas cidades de Nova Iguaçu, Angra dos Reis, Petrópolis e Juiz de Fora, esta última em Minas Gerais. O alvo da operação foi prender milicianos, alguns deles suspeitos de envolvimento no crime, que ocorreu no dia 14 de março.

Segundo informações da TV Globo, os mandados fizeram parte de um inquérito à parte, mas o delegado Giniton Lages informou que todos têm ligação com os assassinatos.

De acordo com os investigadores, outros núcleos foram observados, mas ainda não é seguro realizar essas prisões, pois isso pode obstruir o restante da investigação. A investigação segue com inúmeros pontos sem respostas, como quem realizou os disparos contra Marielle, por exemplo.