Repórter da Globo é vítima de racismo em shopping do Rio

Administração do local afirmou que apura os fatos narrados junto à loja "para que todas as medidas cabíveis sejam tomadas"

10/07/2022 13:20

Tábata Poline, repórter do “Fantástico”, da TV Globo, afirmou, na última sexta-feira, 8, ter sido vítima de racismo na loja My Place, no RioSul Shopping Center. Segundo a jornalista mineira, as funcionárias do estabelecimento se recusaram a atendê-la.

Repórter da Globo é vítima de racismo em shopping do Rio
Repórter da Globo é vítima de racismo em shopping do Rio - Reprodução/Instagram

“Logo eu, tão combativa, me vi exausta quando deveria me posicionar. Na My Place, do Shopping Rio Sul, cinco vendedoras me olharam dos pés a cabeça e decidiram não me atender.”

“Meu marido quis brigar e eu não deixei (deveria). Só saí. Outras clientes chegaram. As cinco foram até elas”, completou.

O shopping informou, por meio de nota à imprensa, que “tomou conhecimento através das redes sociais do lamentável episódio em uma de suas lojas e reforça que este tipo de conduta não condiz com os valores do estabelecimento.”

Repórter da Globo é vítima de racismo em shopping do Rio
Repórter da Globo é vítima de racismo em shopping do Rio - Reprodução/Instagram

 

O RioSul também afirmou que apura os fatos narrados junto à loja “para que todas as medidas cabíveis sejam tomadas”.

Racismo é crime

Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Desde 1989, a Lei 7.716 define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional
Desde 1989, a Lei 7.716 define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional - iStock/@innovatedcaptures

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo.

Racismo x injúria racial

Assim como definido pela legislação de 1989, racismo é a conduta discriminatória, em razão da raça, dirigida a um grupo sem intenção de atacar alguém em específico. Seu objetivo é discriminar a coletividade, sem individualizar as vítimas.

Esse crime ocorre de diversas formas, como a não contratação de pessoas negras, a proibição de frequentar espaços públicos ou privados e outras atividades que visam bloquear o acesso de pessoas negras. Nesses caso, o crime é inafiançável e imprescritível.

O preconceito racial também pode acontecer por meio de atos “sutis”, como recusar atendimento ou não empregar pessoas negras
O preconceito racial também pode acontecer por meio de atos “sutis”, como recusar atendimento ou não empregar pessoas negras - iStock/@fizkes

Quando o crime é direcionado a uma pessoa, ele é considerado uma injúria racial, uma uma vez que a vítima é escolhida precisamente para ser alvo da discriminação.

Essa conduta está prevista no Código Penal Brasileiro, artigo 140, parágrafo 3, como um crime contra a honra, sendo o fator racial uma qualificadora do crime.

É importante ressaltar que em casos de racismo, além da própria vítima, uma testemunha pode denunciar o crime. O mesmo não vale para o crime de injúria racial, pois somente a vítima pode se manifestar sobre o ataque na justiça. Conheça outros canais para denunciar casos de racismo.