Hino Nacional nas escolas não faz de Bolsonaro um patriota

Polêmica de Hino nas escolas revela mais uma face do governo Bolsonaro

O Ministério da Educação (MEC) do governo Bolsonaro, comandando por Ricardo Vélez Rodríguez, enviou para todas as escolas públicas e privadas do país um e-mail pedindo para que, no primeiro dia de aula, “professores, alunos e demais funcionários da escola fiquem perfilados diante da bandeira do Brasil e que seja executado o Hino Nacional”.

Além disso, o e-mail ainda pedia para que fosse lida uma carta de Vélez que dizia: “Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de você, alunos, que constituem a nova geração. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”.

E-mail do MEC aos diretores de escolas
Créditos: Reprodução
E-mail do MEC aos diretores de escolas

Importante lembrar que o final da carta do ministro é na verdade o slogan da campanha de Bolsonaro à presidência.

O caso gerou grande polêmica, na última segunda-feira, 25, e em nota o MEC afirmou que se tratava de “um pedido de cumprimento voluntário” que faz parte “da política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais”.

Presidente Jair Bolsonaro e o Ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez
Créditos: Valter Campanato/Agência Brasil
Presidente Jair Bolsonaro e o Ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez

A valorização dos símbolos nacionais é de grande valia para a formação dos jovens no país porque através dela constituímos nosso sentimento de nação, de pertencimento, de unidade do povo. O que é um desserviço é essa deturpação do que é patriotismo.

Desde quando permitir tropas dos Estados Unidos dentro do nosso solo é uma ação patriota? Desde quando entregar para os EUA a empresa brasileira Embraer, uma das maiores empresas de aviação do mundo, é um ato de patriotismo? Quando foi que querer acabar com a formação de pensamento crítico dentro das escolas passou a ser um ato patriota?

Ser patriota é não permitir que crianças estudem em escolas sem banheiro, sem teto, sem professores, é não permitir que brasileiros morram nas filas dos hospitais sem atendimento. Agora, sobre investimentos nessas áreas e em tantas outras fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do país, o governo Bolsonaro nada fala.

Doutrinação não são as aulas que os professores ministram nas escolas hoje em dia. Doutrinação é querer obrigar todas as escolas a declamarem seu slogan de campanha.  Isso sem falar no ataque à liberdade religiosa quando obriga que todas as escolas enalteçam “Deus acima de todos”. O governo precisa respeitar que nem todos os brasileiros são cristãos e até mesmo que nem todos creem em Deus, e está tudo bem.

Bolsonaro e seu governo não são patriotas. Amam o Brasil, em primeiro lugar, aqueles que respeitam nossa soberania, em segundo, aqueles que não se elegem com base em Fake News, em terceiro, aqueles que não se aliam a pessoas envolvidas em esquemas de corrupção, propina e caixa 2 investigados pela Polícia Federal.

Deturpar o real sentido do patriotismo faz com que as pessoas achem ruim cantar o Hino Nacional nas escolas. O ruim não é cantar o hino, ruim é usar o canto da nação, do povo, para defender o indefensável.