Homem fingiu ser entregador para matar médica a facadas

Médica em três hospitais no Piauí, a vítima de feminicídio foi morta 18 facadas na frente da filha

12/04/2020 17:26

Na noite do sábado, 11, a médica Caroline Naiane Brito Barbosa foi esfaqueada por um homem que se passou por entregador para ter acesso ao apartamento, em Teresina (PI). O suspeito de feminicídio é o ex-marido da vítima, Kelson de Alencar Andrade.

Vítima de feminicídio, Caroline Naiane trabalhava em 3 hospitais
Vítima de feminicídio, Caroline Naiane trabalhava em 3 hospitais - Reprodução/Instagram

Segundo a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), as características físicas do ex e do assassino são semelhantes. Depois do crime, no entanto, o carro que Kelson conduzia invadiu a pista contrária na BR-316 e bateu em uma carreta. O suspeito morreu carbonizado.

Ex-marido, o principal suspeito, morreu carbonizado em acidente
Ex-marido, o principal suspeito, morreu carbonizado em acidente - Reprodução/YouTube

 

O assassinato foi cometido em frente a filha, de cinco anos. O atual companheiro da vítima estava no banheiro quando a mulher foi morta e não conseguiu socorrê-la.

Feminicídio

No Brasil, três mulheres são assassinadas por dia. A cada dois segundos, uma mulher é agredida no país. Em 2019, feminicídio bateu recorde no estado de São Paulo. Quase 80% dos casos, os agressores são o atual ou o ex-companheiro, que não se conformam com o fim do relacionamento.

Feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher ou em decorrência de violência doméstica.

Quando o assassinato de uma mulher é decorrente, por exemplo, de latrocínio (roubo seguido de morte) ou de uma briga entre desconhecidos ou é praticado por outra mulher, não há a configuração de feminicídio.

A lei 13.104/15, mais conhecida como Lei do Feminicídio, alterou o Código Penal brasileiro, incluindo como qualificador do crime de homicídio o feminicídio.

Também houve alteração na lei que abriga os crimes hediondos (lei nº 8.072/90). Essa mudança resultou na necessidade de se formar um Tribunal do Júri, ou o conhecido júri popular, para julgar os réus de feminicídio.

Saiba onde e como denunciar:

  • Disque 100

O serviço pode ser considerado como “pronto socorro” dos direitos humanos pois atende também graves situações de violações que acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso, acionando os órgãos competentes, possibilitando o flagrante. O Disque 100 funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados.

As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel (celular), bastando discar 100.

A denúncia é importante para a diminuição dos números de feminicídio
A denúncia é importante para a diminuição dos números de feminicídio - iStock/@PeopleImages
  • Polícia Militar (190)

A vítima ou a testemunha pode procurar uma delegacia comum, onde deve ter prioridade no atendimento ou mesmo pedir ajuda por meio do telefone 190. Nesse caso, vai uma viatura da Polícia Militar até o local. Havendo flagrante da ameaça ou agressão, o homem é levado à delegacia, registra-se a ocorrência, ouve-se a vítima e as testemunhas. Na audiência de custódia, o juiz decide se ele ficará preso ou será posto em liberdade.

  • Defensoria Pública

No caso de violência doméstica, a Defensoria Pública pode auxiliar a vítima pedindo uma medida protetiva a um juiz ou juíza. Essa medida de urgência inclui o afastamento do agressor do lar ou local de convivência com a vítima; a fixação de limite mínimo de distância de que o agressor fica proibido de ultrapassar em relação à vítima; a proibição de o agressor entrar em contato com a vítima, seus familiares e testemunhas por qualquer meio; a suspensão da posse ou restrição do porte de armas, se for o caso; a restrição ou suspensão de visitas do agressor aos filhos menores; entre outras, como pedidos de divórcio, pensão alimentícia e encaminhamento psicossocial.

  • Delegacia da Mulher

Um levantamento feito pelo portal Gênero e Número, mostra que existem apenas 21 delegacias especializadas no atendimento às mulheres com funcionamento 24 horas em todo o país. Dessas, só São Paulo e Rio de Janeiro possuem delegacias fora das capitais.