Jair Bolsonaro: ‘passar fome no Brasil é uma grande mentira’
Presidente mostrou não entender nada da situação do brasileiro, como indicam os números de relatório divulgado em 2018 pela ONU
Nesta sexta-feira, 19, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) marcou presença em um café da manhã com jornalistas estrangeiros e mostrou não ter conhecimento nenhum do próprio país que governo. Ele afirmou que é uma “grande mentira” que existam brasileiros que passam fome.
“O Brasil é um país rico para praticamente qualquer plantio. Fora que passar fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem, aí eu concordo. Agora, passar fome, não. Você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético, como a gente vê em alguns outros países pelo mundo”, afirmou Bolsonaro.
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O discurso de Bolsonaro foi uma resposta ao correspondente do jornal espanhol “El País”, a respeito dos planos do governo federal para dar suporte ao aumento da pobreza e da fome no país. Bolsonaro também teceu críticas aos governos anteriores, que, segundo ele, criaram “um país das Bolsas”.
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“Esses políticos que criticam a questão da fome no Brasil, no meu entender, tem que se preocupar, estudar um pouco mais as consequências disso. Lá, é precipitação pluviométrica [chuva] é menor que do Sertão nordestino. Eles conseguem não só garantir sua segurança alimentar, como exportar parte para a Europa. Falar que se passa fome no Brasil é discurso populista, tentando ganhar simpatia popular, nada além disso”, disse.
A fome no Brasil
Relatório divulgado por agências da ONU (Organização das Nações Unidas) em 2018 mostram que, no Brasil, os números apontam que mais de 5,2 milhões de pessoas passaram um dia ou mais sem consumir alimentos ao longo de 2017, o que corresponde a 2,5% da população.
Os resultados apresentados na FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), uma das agências envolvidas no levantamento, são considerados um retrocesso pelo diretor-geral da entidade, José Graziano da Silva. De acordo com os dados, os números atuais mostram indicadores semelhantes aos apresentados há uma década.