Jornalista Guilherme Fiuza acusa Estadão de fake news e passa vergonha

Sem prova alguma, o bolsonarista afirmou que o jornal usou foto antiga para retratar a aglomeração na praia de Ipanema em meio à pandemia

O jornalista bolsonarista Guilherme Fiuza, da Jovem Pan, usou de sua conta no Twitter para propagar fake news nesta segunda-feira, 31. Fiuza disse que era mentirosa uma notícia do Estadão com uma galeria de fotos que mostra a aglomeração de pessoas nas praias do Rio de Janeiro neste fim de semana. As fotos são do fotojornalista Wilton Junior.

Segundo Fiuza, o Estadão teria usado uma foto do ano passado das praias do Rio de Janeiro para induzir seus leitores a acreditarem que os cariocas não estariam cumprindo as normas de distanciamento social e uso de máscara, em plena pandemia do novo coronavírus.

Bolsonarista Guilherme Fiuza divulga fake news ao acusar Estadão… de fake news!
Créditos: reprodução
Bolsonarista Guilherme Fiuza divulga fake news ao acusar Estadão… de fake news!

Em resposta, o Estadão afirmou que as imagens e o texto da publicação foram feitas pelo fotojornalista Wilton Junior, e que não se trata de fake news.

“Oi, Guilherme. As fotos publicadas na nossa matéria foram todas feitas no domingo, 30, pelo fotojornalista Wilton Junior, que também assina o texto em questão.”, publicou o Estadão.

Vendo o mico que estava passando nas redes sociais, Guilherme Fiuza decidiu então apagar o post, e retuitar o comentário do Estadão, mas ainda deixando o post do jornal em suspeita.

“O Estadão afirma que não usou foto de arquivo da praia de Ipanema. Todas as fontes que consultei me afirmaram não ter havido essa aglomeração de barracas, mas na série de Wilton Junior aparecem pessoas de máscara e posso ter sido induzido a erro. Se isso aconteceu, o leviano fui eu.”, justificou-se.

Essa atitude é, na verdade, uma das melhores formas que os conservadores extremistas têm encontrado de fabricar fake news sem que sejam penalizados. Primeiro, eles afirmam o que querem sem checar os fatos (no caso, Fiuza afirma que o Estadão mentiu ao dizer que as praias do Rio estavam lotadas). Depois, eles deixam a fake news rolando, sem apagar o que falaram, até que seja bastante viralizada. Em seguida, eles apagam o que publicaram, e fazem um novo post, sem dizer que o que fizeram foi errado, apenas colocando a publicação verdadeira em cheque.

Até aí, o estrago já foi feito. Inclusive, se você observar os comentários no novo post de Fiuza, é fácil detectar que a fake news já se infiltrou na cabeça de seus seguidores. “Muito fácil pra eles inserirem 2 pessoas de máscara andando… conheço pessoas que moram em Ipanema e que confirmaram que não tinha tanta gente como essa foto mostra”, disse uma seguidora.

“Que praia é essa? Wilton tem que provar, porque na praia que eu fui não tinha nada disso.”, disse outro. “Observe que as duas mulheres que aparecem de máscara, parece ser montagem, o brilho da imagem delas é bem diferente do restante.”, diz um outro internauta.

Entenderam? É assim que se produz fake news.

Mas, da mesma forma que é fácil produzi-la, é fácil combatê-la. No mesmo post de Fiuza, alguns internautas publicaram fotos que tiraram ontem das praias cariocas, e as imagens das praias lotadas no Rio de Janeiro e em São Paulo já invadiram os noticiários da televisão aberta.