Jovem negra tem o dobro de risco de ser assassinada no Brasil
Amazonas e Rio Grande do Norte são os estados com maior índice de violência contra a mulher negra; saiba mais sobre o assunto
No país do mito da democracia racial, mulheres negras com idade entre 15 e 29 anos têm 2,19 vezes mais chances de serem assassinadas do que as brancas na mesma faixa etária, de acordo com o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência 2017 (IVJ 2017), divulgado nesta segunda-feira, 11 de dezembro.
A pesquisa, que coletou dados de 2015, foi realizada em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), pela Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Para chegar ao resultado, o índice levou em conta informações como frequência escolar, escolaridade, inserção no mercado de trabalho e taxas de mortalidade por homicídios e por acidentes de trânsito.
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Norte e Nordeste no X da questão
A questão da violência que envolve jovens negras no Brasil tem endereço e regiões anunciadas: no topo da desigualdade entre as taxas de homicídios estão os estados do Rio Grande do Norte – onde mulheres negras morrem 8,11 vezes mais do que jovens brancas – e o Amazonas, cuja taxa de morte é de 6,97 %.
Na sequência surge o estado da Paraíba, onde a chance de uma jovem negra ser assassinada é 5,65 vezes maior do que a de uma jovem branca. Em quarto lugar aparece Distrito Federal, com risco relativo de 4,72.
Chama atenção casos como Alagoas e Roraima, onde a comparação pôde ser realizada: isso porque, em 2015, nenhuma mulher branca entre 15 e 29 anos foi vítima de homicídio. Por outro lado, a taxa de mortalidade de jovens negras, nos dois estados, foram alarmantes: 10, 7 e 9,5 mortes a cada 100 mil habitantes.
Jovem negro no Brasil
No mesmo relatório, o cenário de violência que envolve o homem negro também foi objeto de avaliação. Nele constatou-se: a chance de um jovem negro ser assassinado é 2,7 vezes superior à de um jovem branco.
Para a representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, “a violência contra a juventude negra no Brasil atingiu índices alarmantes”. “[Essa violência]precisa ser enfrentada com políticas públicas estruturadas que envolvam as diversas dimensões da vida dos jovens como educação, trabalho, família, saúde, renda, igualdade racial e oportunidades”, diz Noleto em texto que integra o relatório. Com informações do G1.