Justiça bloqueia R$ 1 milhão de família que explorou doméstica

Um vídeo emocionante de Madalena Santiago não conseguindo segurar a mão da repórter branca começou a viralizar nas redes sociais na última semana

A Justiça do Trabalho bloqueou R$1 milhão em bens da família que explorou a doméstica Madalena Santiago da Silva, 62 anos, submetendo-a um trabalho análogo à escravidão por 54 anos. De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), o bloqueio faz parte de uma ação cautelar para garantir danos morais e verbas rescisórias, além do pagamento de um salário mínimo para a doméstica, enquanto a ação principal está em tramite na Justiça do Trabalho.

Justiça bloqueia R$ 1 milhão de família que explorou doméstica
Créditos: Reprodução/TV Globo
Justiça bloqueia R$ 1 milhão de família que explorou doméstica

Madalena nunca foi paga com salário, teve R$ 20 mil referente sua aposentaria roubados pela filha do casal para quem ela trabalhou em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador.

A doméstica também teve os dados utilizados pela mulher para contratar empréstimos, sofreu de maus-tratos, foi vítima de injúria racial, além de ter sido expulsa há um ano pela filha dos “patrões”.

“Eu estava sentada na sala, ela passou assim com uma bacia com água e disse que ia jogar na minha cara. Aí eu disse: ‘Você pode jogar, mas não vai ficar por isso’. Aí ela disse: ‘Sua negra desgraçada, vai embora agora’”, disse Madalena na entrevista à TV Bahia. “Era um sábado, 21h, chovendo e eu não sabia para onde ir”, lembrou.

Após receber instruções, Madalena foi até a sede do MPT, no fim de dezembro do ano passado, onde realizou uma denúncia. O caso passou a ser investigado e no começo de abril o MPT ingressou com a ação cautelar.

No pedido, a procuradora Lys Sobral, coordenadora nacional de combate ao trabalho escravo do MPT, solicitou que fossem bloqueados bens no valor de R$1 milhão para garantia das verbas rescisórias e dos danos morais que serão pedidos na ação principal.

A juíza titular da 2ª vara do Trabalho de Salvador, Vivianne Tanure Mateus, acolheu integralmente os argumentos e determinou o pagamento de um salário mínimo até o julgamento da ação principal e o bloqueio dos bens.

Atualmente Madalena está morando em uma casa simples alugada e montada com apoio de alguns vizinhos.