Karina Buhr revela que foi estuprada por babalorixá Dito de Oxóssi

Cantora contou o motivo de ter esperado 20 anos para tornar o crime público

Nesta segunda-feira, 23, a cantora Karina Buhr usou seu perfil na rede social Medium para revelar que foi vítima de estupro diversas vezes por Dito de Oxóssi, babalorixá e vocalista do Afoxé Ylê de Egbá, morto no último dia 15, no Recife, após parada cardiorrespiratória, aos 57 anos.

Karina Buhr relatou trauma após a morte de Dito de Oxóssi
Créditos: Reprodução/Divulgação
Karina Buhr relatou trauma após a morte de Dito de Oxóssi

No desabafo intitulado “Ele morreu, e o inferno ressuscitou pra mim”, a baiana relatou com detalhes os abusos sexuais que sofreu do músico e o motivo de só revelar os estupros agora.

“Por que expor por estupro um homem que acabou de morrer? Porque eu quase morri nas mãos dele. Por que não denunciou quando estava vivo? Por medo de morrer, medo de machucar minha mãe”, disse ela.

“Certamente ouvirei que não estou respeitando a família num momento de dor. Respeito, sim. Respeito a dor de cada um deles e de todos que consideravam Dito como pai. E peço que também respeitem a minha dor, que já dura mais de 20 anos. Ele, como babalorixá, me chamava de filha e usou sua força e autoridade dentro desse contexto pra escravizar minha mente e meu corpo”, completou.

Dito de Oxóssi morreu no último dia 15 de parada cardiorrespiratória
Créditos: Divulgação
Dito de Oxóssi morreu no último dia 15 de parada cardiorrespiratória

Karina começou contando que o primeiro abuso aconteceu no ano 2000. “Ele me levou para o quarto, me mandou ajoelhar no chão e agiu como se fosse começar uma daquelas sessões de conselho. Achei estranho o pedido para ajoelhar, mas fiz. Ele então abriu o cinto, abriu a calça e botou o pênis na minha boca. Eu fiquei paralisada de medo, de culpa, de vergonha, embora eu estivesse sendo vítima de algo que nem sabia ainda o que era […] Eu estava totalmente dominada por essa situação e me sentia sem domínio sobre minha mente nem meu corpo. Era uma entidade com a qual eu convivia há um tempo e tinha devoção”, desabafou.

Já o segundo abuso teria acontecido na casa de Dito, em 2001: “Enquanto falava e dava conselhos, abriu a calça. Me encostou na mesa e me estuprou com penetração de novo, eu de novo chorando, na sala da minha mãe, com todo medo, culpa e tristeza aumentados por conta disso”.

A terceira vez, segundo Karina, foi no carro dele: “…Botando o pênis pra fora enquanto dirigia o carro, puxando minha cabeça e enfiando na minha boca pra que eu repetisse tudo aquilo e falando que eu tinha me tornado mais forte, que minha mente estava tranquila. Eu estava destruída por dentro. Isso não lembro quando foi, só que foi depois das outras duas vezes”, finalizou.

Confira o texto na íntegra no tuíte de Karina abaixo:

ESTUPRO É CRIME: SAIBA COMO DENUNCIAR

O assédio contra mulheres envolve uma série de condutas ofensivas à dignidade sexual que desrespeitam sua liberdade e integridade física, moral ou psicológica. Lembre-se: onde não há consentimento, há assédio! Não importa qual roupa você vista, de que modo você dance ou quantas e quais pessoas você decidiu beijar (ou não beijar): nenhuma dessas circunstâncias autoriza ou justifica o assédio.

Como denunciar? Qualquer assédio contra a mulher pode ser denunciada pelo número 180. A denúncia pode ser feita de forma anônima e é importante fornecer a maior quantidade de informações possíveis para que haja material suficiente para uma investigação e possível responsabilização do agressor. O fato da denúncia ter sido feita pelo 180 não impede que a vítima vá até uma delegacia fazer um boletim de ocorrência também.

  • É importante ressaltar que a autoridade policial não pode se recusar a registrar a ocorrência. Infelizmente, há casos em que a autoridade policial tenta dissuadir a vítima de fazer o boletim. Caso isso aconteça, registre uma reclamação na ouvidoria do órgão em que ocorreu a recusa. Sendo ineficaz, procure o Ministério Público local para denunciar a recusa e o crime.