Machismo: ‘Primeira vez com negão não dói’, diz promotor a advogada

A frase foi dita durante uma sessão do Júri

10/07/2019 22:21

“Primeira vez com negão não dói”, diz promotor Ariomar José Figueiredo da Silva mostrando seu machismo a advogada e defensora pública Fernanda Nunes Morais na Bahia, ao pedir para ela ficar tranquila durante sessão do Juri . O caso ocorreu no último dia 4.

‘Primeira vez com negão não dói’, diz promotor a advogada Fernanda Nunes Morais na Bahia
‘Primeira vez com negão não dói’, diz promotor a advogada Fernanda Nunes Morais na Bahia - Reprodução

Em suas redes sociais, Fernanda se manifestou compartilhando uma uma nota de apoio emitida pela Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA). “Tal fala, redutora e sexualizadora da atuação pública e séria das partes, desrespeita a mulher e defensora Fernanda e reflete de forma clara a forte cultura machista que mancha nossa sociedade e insiste em tentar reduzir sistematicamente as mulheres a meros objetos sexuais”, afirmou o documento.

Defensores Federais entenderam a fala do promotor como ‘discriminatória e opressora’. A Associação Nacional das Defensoras e dos Defensores Públicos Federais (Anadef), manifestou repúdio ao ocorrido.

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“A fala do membro do MP/BA é mais um sintoma da lamentável realidade vivenciada por milhares de mulheres, que lutam diuturnamente por igualdade de tratamento e oportunidades, seja no mercado de trabalho, seja nas demais relações em sociedade. As palavras proferidas, além de servir à tentativa de coagir e desestabilizar a defesa técnica de excelência quotidianamente prestada pela Defensoria Pública em benefício de seus assistidos, denotam menosprezo ao relevante papel da mulher no exercício de funções essenciais no sistema de justiça”, destacou.

Já o Ministério Público do Estado da Bahia foi mais brando. Para o órgão, ‘não houve qualquer intenção de ofensa’ à defensora. “A instituição lamenta o ocorrido e se desculpa por qualquer ofensa eventualmente gerada pela frase dita em um contexto de sessão do Júri”, concluiu.

A ofensa foi encaminhada à corregedoria da Defensoria Pública da Bahia.