Mãe denuncia funerária por colocar lixo em caixão de jovem obeso

Vitor morreu na quinta-feira, 5, por falta de equipamentos médicos para atender pacientes obesos em São Paulo

Mãe se revolta com lixo dentro do caixão do filho, que morreu esperando por uma maca para obeso.
Créditos: Reprodução/g1
Mãe se revolta com lixo dentro do caixão do filho, que morreu esperando por uma maca para obeso.

A mãe de Vitor Augusto Marcos de Oliveira se revoltou após descobrir que o caixão do filho havia sido preenchido com pó de serra, caixotes de madeira e folhas de jornal para que o corpo do jovem ficasse nivelado dentro da estrutura.

Vitor, de 25 anos, morreu na última quinta-feira, 5, dentro de uma ambulância em frente o Hospital Geral de Taipas, na zona norte de São Paulo, enquanto esperava por uma maca para ser atendido. Segundo a família, o rapaz foi recusado em seis unidades por falta de equipamento para pacientes obesos e ficou 3 horas na ambulância.

No dia do enterro, de acordo com Andreia da Silva, a altura da urna funerária em que o filho havia sido colocado também foi absurda. As informações são do g1.

“Eu não tinha descoberto essa fraude. Brincaram de novo com o peso do meu filho. Mais uma vez, gordofobia. Meu filho estava em cima do lixo”, lamentou a mãe.

Mãe se revolta ao encontrar lixo no caixão do filho
Créditos: Reprodução/G1
Mãe se revolta ao encontrar lixo no caixão do filho

Em nota à imprensa, a funerária disse que não tinha responsabilidade pelo estado do caixão, apenas pelo transporte de Vitor. Informou também que a responsável pela preparação do corpo e da urna funerária para o velório seria a Cooperaf, uma cooperativa de tanatopraxia.

A representante da Cooperaf afirmou que o nivelamento do corpo com papéis e a utilização de pó de serra são práticas comuns na área, já sobre os caixotes de madeira, ela não respondeu.

Lourival Panhozzi, presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (ABREDIF), opinou que os protocolos seguidos no enterro estão “absolutamente fora dos padrões estabelecidos” e que “responsabilidades precisam ser apuradas”.

Ministério Público investiga a morte de Vitor

O Ministério Público do Estado de São Paulo instaurou, na segunda-feira, 9, um inquérito contra as secretarias municipal e estadual da Saúde para apurar a morte de Vitor.

De acordo com o MP, a investigação é necessária “para apurar devidamente os fatos e tomar, a posteriori, as providências que se fizerem necessárias, inclusive eventual propositura de ação civil pública”.

Entre os esclarecimentos solicitados, estão:

  • A explicação da razão pela qual o paciente foi mantido inadequadamente em ambulância até vir a óbito;
  • As unidades de saúde em que há macas especiais para atendimento de pessoas acometidas por obesidade e o seu número;
  • Qual é o procedimento padrão para atendimento de paciente obeso e porque esse tipo de procedimento não foi oferecido ao jovem;
  • Quais as providências foram tomadas após o fato para apuração, entre outras questões.

O promotor de Justiça Arthur Pinto Filho deu prazo de cinco dias para os envolvidos apresentarem recurso ao Conselho Superior do Ministério Público, e 10 dias para responderem os questionamentos.